Quarta-feira, 09 de julho de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 8 de julho de 2025
Ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) minimizaram as críticas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao julgamento de Jair Bolsonaro no caso da trama golpista. A avaliação é a de que as declarações fazem parte de uma narrativa política e não merecem reação institucional da Corte.
Afirmam ainda que não houve nenhuma medida concreta contra o Brasil ou os ministros. Para os magistrados, portanto, a resposta deve ser dada pela política ou pela diplomacia. Ou seja, pelo presidente Lula ou pelo Itamaraty (Ministério das Relações Exteriores) — algo que o petista fez pouco depois da mensagem de Trump.
Na segunda-feira (7), Trump afirmou que o Brasil está fazendo uma “coisa horrível” no tratamento dado ao ex-presidente. O americano também disse que o Supremo persegue Bolsonaro.
“Eu tenho assistido, assim como o mundo, enquanto eles não fazem nada além de persegui-lo, dia após dia, noite após noite, mês após mês, ano após ano. Ele não é culpado de nada, exceto por ter lutado pelo povo”, afirmou Trump em um post na Truth Social.
A publicação do presidente americano também não tem poder, segundo a análise de ministros, de interferir no processo por tentativa de golpe de Estado contra Bolsonaro. Dessa forma, os magistrados afirmam se tratar de “barulho”.
A manifestação de Trump seria abusiva, na avaliação de um ministro ouvido sob reserva, mas teria efeito apenas simbólico. A declaração poderia, inclusive, “aumentar a antipatia” em relação a Bolsonaro e piorar sua situação, nas palavras desse mesmo integrante da Corte.
Em outros momentos, o governo americano já fez ameaças de sanções. Em maio, o secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, afirmou que o país restringiria a entrada de “funcionários estrangeiros e pessoas cúmplices na censura de americanos” e que o ministro Alexandre de Moraes poderia ser punido.
O relator da trama golpista tem sido alvo de pressões por parte do governo americano. Em fevereiro, já sob Trump, o Departamento de Estado divulgou uma mensagem com referências explícitas à determinação do magistrado para bloquear a plataforma de vídeos Rumble, usada por influenciadores de direita.
Em nota ainda na segunda-feira, Lula afirmou não aceitar interferências nas políticas internas do Brasil. “A defesa da democracia no Brasil é um tema que compete aos brasileiros. Somos um país soberano”.
Há uma avaliação de integrantes do governo de que nos momentos em que o presidente se coloca de frente ao governo dos EUA, a repercussão é positiva para ele.
Pouco depois, durante uma entrevista coletiva após a cúpula do Brics, Lula foi questionado sobre a publicação de Trump, mas disse ter “coisa mais importante para comentar”.
Outra resposta foi dada por Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais). Na mesma linha da defesa da soberania do Estado brasileiro, a ministra também recorreu à tática da comparação da postura do governo Lula com a do ex-presidente Bolsonaro na relação com os Estados Unidos.
“O tempo em que o Brasil foi subserviente aos EUA foi o tempo de Bolsonaro, que batia continência para sua bandeira e não defendia os interesses nacionais”, disse. (Com informações da Folha de S.Paulo)