Domingo, 28 de setembro de 2025

Molnupiravir: o que se sabe sobre o remédio da farmacêutica MSD contra a covid

A farmacêutica MSD anunciou nesta sexta-feira (1º) que seu remédio experimental contra a covid-19, o molnupiravir, reduziu as hospitalizações e mortes em pessoas no início da infecção com o coronavírus. O medicamento produzido pela empresa, que tem sede nos Estados Unidos, ainda não está à venda.

Os resultados ainda não foram avaliados por outros cientistas nem publicados em revista científica.

1) Como o remédio age?

O comprimido age interferindo com uma enzima que o coronavírus usa para copiar seu código genético e se reproduzir. O remédio mostrou atividade semelhante contra outros vírus.

2) Em qual momento da doença ele deve ser tomado?

A MSD não informou. O que se sabe até agora é que, nos testes, pacientes que receberam o molnupiravir até 5 dias após o início dos sintomas da covid tiveram cerca de metade da taxa de hospitalização e morte em relação aos pacientes que receberam um comprimido inativo.

A eficácia do medicamento não foi afetada pelo tempo de início dos sintomas – dentro desses 5 dias – ou por fatores de risco.

O medicamento também não funciona em pacientes graves.

3) Funciona contra as variantes do coronavírus?

Até onde se sabe, sim. A MSD informou que, “com base nos participantes com dados de sequenciamento viral disponíveis (aproximadamente 40% dos participantes), molnupiravir demonstrou eficácia consistente nas variantes virais Gama, Delta e Mu”.

4) Quais são os resultados até agora?

O estudo, de fase 3, acompanhou 775 adultos com covid-19 leve a moderada e que foram considerados de maior risco para desenvolver um quadro grave da doença – devido a problemas de saúde como obesidade, diabetes ou doenças cardíacas ou por terem mais de 60 anos.

— Pacientes que receberam o molnupiravir em até 5 dias após o início dos sintomas da covid tiveram cerca de metade da taxa de hospitalização e morte em relação aos pacientes que receberam um comprimido inativo (placebo).

— Entre os pacientes que receberam o molnupiravir, 7,3% foram hospitalizados ou morreram até o 29º dia depois da administração do medicamento. Depois desse período, não houve mortes nesse grupo.

— Entre os que não receberam o molnupiravir, 14,1% foram hospitalizados ou morreram nos primeiros 29 dias dos testes. Depois desse período, 8 pessoas morreram, de acordo com a MSD.

— A empresa planejava inscrever mais de 1,5 mil pacientes nos testes, mas, por recomendação de um Comitê de Monitoramento de Dados independente e em consulta com a Food and Drug Administration (FDA) dos EUA, o recrutamento para o estudo foi interrompido antes do planejado devido aos resultados positivos.

O Brasil foi um dos países onde o remédio foi testado – nas cidades de São Paulo, São José do Rio Preto (SP), Brasília, Belo Horizonte, Curitiba e Bento Gonçalves (RS).

No resto do mundo, os testes foram realizados em mais de 170 países, segundo a MSD, como Argentina, Canadá, Chile, Colômbia, Egito, França, Alemanha, Guatemala, Israel, Itália, Japão, México, Filipinas, Polônia, Rússia, Sul África, Espanha, Suécia, Taiwan, Ucrânia, Reino Unido e Estados Unidos.

5) Há efeitos colaterais?

A empresa não especificou quais, mas disse que efeitos colaterais foram relatados por ambos os grupos no estudo. Eles foram ligeiramente mais comuns no grupo que recebeu o comprimido inativo (e não o do remédio).

6) Ele já foi liberado para uso?

Ainda não. A Merck – nome da MSD nos Estados Unidos e no Canadá – informou que solicitaria autorização de uso à FDA (espécie de Anvisa americana) nos próximos dias.

7) Será vendido em farmácias?

Ainda não se sabe. Se liberado, o medicamento seria o primeiro em formato de comprimido para o tratamento da covid-19.

Os medicamentos aprovados nos EUA para a covid – o antiviral remdesivir e outros três tratamentos com anticorpos monoclonais – têm que ser administrados por via intravenosa ou injeção em hospitais ou clínicas.

Várias outras empresas, incluindo Pfizer e Roche, estão estudando medicamentos semelhantes que podem apresentar resultados nas próximas semanas e meses.

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