Sábado, 17 de maio de 2025

Morre aos 100 anos Maria Lúcia Godoy, uma das maiores cantoras líricas do Brasil

Morreu, aos 100 anos, Maria Lúcia Godoy, uma das maiores cantoras líricas da História do Brasil, cuja voz chegou a ser comparada a um “pássaro voando” pelo poeta Ferreira Gullar e ao “ouro que não se destrói”, por Carlos Drummond de Andrade. A artista faleceu na quinta-feira (15), em Belo Horizonte, e o corpo foi sepultado nessa sexta (16), também na capital mineira.

Ao longo da carreira, a soprano conquistou o respeito e elogios da crítica, de maestros e dos amantes da música lírica. Também entoava faixas do cancioneiro popular, além de atuar como compositora e escritora de livros infantis. Maria Lúcia Godoy chegou a ser solista principal do Madrigal Renascentista, fundado nos anos 1950, sob a batuta do regente Isaac Karabtchevsky, com quem foi casada. Rodou o mundo para interpretar óperas como “La Traviata” e clássicos como “Travessia”, de Milton Nascimento e Fernando Brant.

Outro expoente do meio lírico, a soprano Bidu Sayão a considerava sua “única sucessora” e “a maior intérprete de Heitor Villa-Lobos” no mundo. Foi Maria Lúcia quem gravou a mais conhecida versão de “Bachianas brasileiras nº 5”, por exemplo.

De acordo com o jornal O Tempo, Maria Lúcia Godoy foi bajulada por políticos como Tancredo Neves e Juscelino Kubitschek — este último a convidou para se apresentar na cerimônia de inauguração de Brasília. Também foi exaltada pelo cineasta Glauber Rocha, em cujo enterro cantou Villa-Lobos. Tom Jobim teria se inspirado a escrever a melodia de “Sabiá” após ouvi-la cantar.

Nascida em Mesquita, no Vale do Rio Doce, Maria Lúcia Godoy mudou-se para Belo Horizonte ainda criança. Na capital, estudou com a professora Honorina Prates antes de se transferir para o Rio de Janeiro e ter aulas com Pasquale Gambardella. Uma bolsa de estudos permitiu a ela aperfeiçoar a técnica na Alemanha, com Margueritte Von Winterfeld.

Maria Lúcia se formou em Letras na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que a homenageou em 2016 com o título de Doutora Honoris Causa. O governo mineiro também a condecorou com a Grã-Cruz da Inconfidência. Seu último trabalho na música foi o álbum “Acalantos”, de 2012, com faixas de sua autoria. Ela deixou outros 19 CDs e LPs, além de participações especiais nos filmes “Os Senhores da Terra”, “Navalha na Carne” e “Poeta de Sete Faces”.

Em entrevista ao jornal O Tempo, em 2024, o sobrinho da artista e guardião do acervo, Daniel Godoy, disse que planejava disponibilizar as obras da tia para uma exposição pública na UFMG e nas plataformas digitais. (Com informações do jornal O Globo)

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