Domingo, 13 de julho de 2025

Morre, aos 88 anos, Jean-Claude Bernardet, um dos mais importantes críticos do cinema nacional

O cineasta, escritor, professor e crítico de cinema Jean-Claude Bernardet morreu neste sábado (12), em São Paulo, aos 88 anos. Nascido na Bélgica e de família francesa, ele passou a infância em Paris e veio para o Brasil aos 13 anos, onde se naturalizou brasileiro.

Bernardet tinha câncer de próstata e, há algum tempo, decidiu que não se submeteria mais a tratamentos. Um amigo da família confirmou a morte do cineasta. Ele estava internado no Hospital Samaritano, na capital, e de acordo com documentos obtidos, a causa da morte foi um AVC (Acidente Vascular Cerebral).

O velório será realizado neste domingo (13), na Cinemateca Brasileira, entre 13h e 17h, instituição na qual o cineasta foi um dos parceiros fundamentais durante a vida.

“Na instituição, passou por diversas funções, sempre com foco no seu desenvolvimento e fortalecimento. Ele teve uma capacidade excepcional de análise de forma totalizante, acreditando na interlocução entre a crítica e a produção cinematográfica”, diz trecho da nota emitida pela Cinemateca.

Professor emérito na Universidade de São Paulo (USP), Bernardet é reconhecido por ser um dos nomes fundamentais na crítica cultural brasileira. Ele morou por anos no topo do Edifício Copan, no Centro.

Como professor, Bernardet influenciou diretamente a produção e o estudo do cinema no Brasil, contribuindo para o cinema ser entendido como prática artística, política e social. Além disso, alavancou a arte para o campo acadêmico, político e cultural.

Nas redes sociais, escritores, artistas e intelectuais brasileiros lamentaram a morte do cineasta. A antropóloga, historiadora, professora da USP Lilia Schwarcz, imortal da Academia Brasileira de Letras, escreveu que “numa época em que tudo virou superficial e sem espaço, Jean-Claude fez outra escola”.

“Morreu o Jean-Claude Bernardet, esse ícone da crítica de cinema, numa época em que existia esse gênero (a crítica) e que ele era levado a sério.”

Função social do cinema

A obra do cineasta também discutiu a estética e a função social do cinema, especialmente em relação à produção nacional-popular e às tensões entre arte e mercado.

Para ele, o cinema não funciona somente como uma arte estética, mas como um instrumento de intervenção política e social. Ou seja, o cinema deveria dialogar diretamente com a realidade brasileira, refletindo e questionando as estruturas sociais, políticas e econômicas do país — em especial as contradições da classe média e a ausência de um cinema popular genuíno.

Bernardet criticava o uso recorrente da miséria como tema estético em documentários. Em diversas entrevistas, como à revista da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), o cineasta argumentava que essa abordagem, quando estetizada, despolitiza a questão social e cria um discurso de consenso que não provoca mudanças reais.

Na obra de Bernardet, se destacam filmes que ele co-roteirizou como:

O caso dos irmãos Naves (1967)
Brasília: contradições de uma cidade nova (1968)
Um céu de estrelas (1995)
Ele também co-dirigiu títulos como:

Paulicéia fantástica (1970)
Eterna esperança (1971)
Além disso, atuou em Filmefobia (2009), Periscópio (2013), Fome (2015), entre outros. A trajetória como pesquisador reúne dois ensaios poéticos dirigidos por ele: São Paulo, Sinfonia e Cacofonia (1994) e Sobre Anos 60 (1999).

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