Quarta-feira, 15 de outubro de 2025

Museu virtual apenas para obras roubadas permite acesso a peças saqueadas ao longo da história e quer conscientizar pessoas

Uma máscara ritual da Zâmbia, um pingente da antiga cidade de Palmira e um quadro do pintor sueco Anders Zorn estão entre os objetos que, como tantos outros saqueados ou roubados, agora integram um museu virtual inaugurado na segunda-feira pela Unesco. A iniciativa tem como objetivo conscientizar o público sobre o tráfico ilícito de bens culturais em escala global.

A plataforma interativa foi concebida pelo arquiteto burquinense Francis Kéré, vencedor do prêmio Pritzker em 2022, e reúne cerca de 250 objetos. Trata-se de uma amostra reduzida diante da dimensão do problema: segundo a Interpol, ao menos 57 mil peças integram esse mercado clandestino, que movimenta memórias e identidades.

“É um museu único no mundo”, declarou a diretora-geral da Unesco, Audrey Azoulay, que lançou o projeto em 2022: “Compartilhamos com o maior número possível os desafios da luta contra o tráfico ilícito de bens culturais, um tráfico que fere memórias, rompe os elos entre gerações e impede o avanço da ciência”.

O visitante pode percorrer o “refúgio digital”, explorar os objetos em modelagem 3D, conhecer suas origens e funções – funerárias, bélicas ou decorativas – e acessar relatos, testemunhos e fotografias que os acompanham.

“O objetivo desse museu é destacar essas obras, dar-lhes visibilidade e devolver o orgulho às comunidades às quais pertencem. Cada peça roubada carrega consigo fragmentos de identidade, memória e conhecimentos ancestrais de sua cultura de origem”, disse Sunna Altnoder, chefe da unidade contra o tráfico ilícito da Unesco.

A coleção inicial deve crescer com a inclusão de outros artefatos modelados digitalmente. A expectativa da entidade, no entanto, é que a “Galeria de bens culturais roubados” seja gradualmente esvaziada, em favor da “Sala de devoluções e restituições”, destinada a exibir peças recuperadas e devolvidas às suas comunidades de origem.

“A proposta inicial é (…) até mesmo que o museu feche, porque todos os objetos terão sido recuperados”, ressaltou Altnoder.

Além da conscientização, a iniciativa busca aproximar atores envolvidos no combate ao tráfico de bens culturais.

“É preciso uma rede com as forças policiais, judiciais, o mercado de arte, os Estados-membros, a sociedade civil, as comunidades para vencer outra rede, que é a rede criminosa”, destacou a representante da Unesco.

O tráfico ilícito de bens culturais permanece uma atividade criminosa pouco conhecida. A principal fonte de referência é o banco de dados da Interpol, que registra crimes que incluem o saque de patrimônios em zonas de conflito, escavações arqueológicas ilegais, roubos em instituições culturais e falsificação de obras de arte.

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A plataforma interativa foi concebida pelo arquiteto burquinense Francis Kéré, vencedor do prêmio Pritzker em 2022, e reúne cerca de 250 objetos. Trata-se de uma amostra reduzida diante da dimensão do problema: segundo a Interpol, ao menos 57 mil peças integram esse mercado clandestino, que movimenta memórias e identidades.

“É um museu único no mundo”, declarou a diretora-geral da Unesco, Audrey Azoulay, que lançou o projeto em 2022: “Compartilhamos com o maior número possível os desafios da luta contra o tráfico ilícito de bens culturais, um tráfico que fere memórias, rompe os elos entre gerações e impede o avanço da ciência”.

O visitante pode percorrer o “refúgio digital”, explorar os objetos em modelagem 3D, conhecer suas origens e funções – funerárias, bélicas ou decorativas – e acessar relatos, testemunhos e fotografias que os acompanham.

“O objetivo desse museu é destacar essas obras, dar-lhes visibilidade e devolver o orgulho às comunidades às quais pertencem. Cada peça roubada carrega consigo fragmentos de identidade, memória e conhecimentos ancestrais de sua cultura de origem”, disse Sunna Altnoder, chefe da unidade contra o tráfico ilícito da Unesco.

A coleção inicial deve crescer com a inclusão de outros artefatos modelados digitalmente. A expectativa da entidade, no entanto, é que a “Galeria de bens culturais roubados” seja gradualmente esvaziada, em favor da “Sala de devoluções e restituições”, destinada a exibir peças recuperadas e devolvidas às suas comunidades de origem.

“A proposta inicial é (…) até mesmo que o museu feche, porque todos os objetos terão sido recuperados”, ressaltou Altnoder.

Além da conscientização, a iniciativa busca aproximar atores envolvidos no combate ao tráfico de bens culturais.

“É preciso uma rede com as forças policiais, judiciais, o mercado de arte, os Estados-membros, a sociedade civil, as comunidades para vencer outra rede, que é a rede criminosa”, destacou a representante da Unesco.

O tráfico ilícito de bens culturais permanece uma atividade criminosa pouco conhecida. A principal fonte de referência é o banco de dados da Interpol, que registra crimes que incluem o saque de patrimônios em zonas de conflito, escavações arqueológicas ilegais, roubos em instituições culturais e falsificação de obras de arte.

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