Por Redação do Jornal O Sul | 6 de novembro de 2025
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, nesta quinta-feira (6), durante a abertura da sessão plenária da Cúpula do Clima em Belém, que interesses egoístas e imediatos preponderam sobre o bem comum quando o tema é preservação ambiental.
O encontro reúne chefes de Estado e de governo de mais de 40 países e serve como preparação para a COP30, conferência da ONU sobre mudanças climáticas que será sediada pela capital paraense em 2025.
Em seu discurso, Lula disse que é necessário superar dois descompassos para avançar nas discussões sobre o clima. O primeiro, segundo ele, é a desconexão entre o debate diplomático e a realidade cotidiana.
O presidente afirmou que as pessoas podem não entender o que são emissões ou toneladas métricas de carbono, mas sentem a poluição. Podem não assimilar o significado de um aumento de um grau e meio na temperatura global, mas sofrem com secas, enchentes e furacões. Segundo Lula, o combate à mudança do clima deve estar no centro das decisões de cada governo, empresa e cidadão.
O segundo descompasso, disse ele, é o distanciamento entre o contexto geopolítico e a urgência climática. Forças extremistas, afirmou, fabricam inverdades para obter ganhos eleitorais e aprisionar as gerações futuras a um modelo ultrapassado que perpetua disparidades sociais e econômicas e a degradação ambiental.
Lula também defendeu a redução de investimentos em conflitos armados e o aumento de recursos para a proteção ambiental, ressaltando que a justiça climática é aliada do combate à fome e à pobreza.
COP na Amazônia
O presidente destacou a relevância simbólica de sediar uma conferência das Nações Unidas no coração da Amazônia, e não em uma grande metrópole.
Ele lembrou que, pela primeira vez na história, uma COP do Clima será realizada no coração da Amazônia. No imaginário global, não há símbolo maior da causa ambiental do que a floresta amazônica. Nela correm milhares de rios e igarapés que formam a maior bacia hidrográfica do planeta, além de abrigar milhares de espécies de plantas e animais que compõem o bioma mais diverso da Terra.
Lula reforçou ainda a necessidade de levar a sério os alertas da ciência, citando projeções que apontam para milhares de mortes e prejuízos econômicos em decorrência do aquecimento global.
De acordo com o presidente, rivalidades estratégicas e conflitos armados desviam atenção e recursos que deveriam ser destinados ao enfrentamento do aquecimento global. Enquanto isso, a janela de oportunidades está se fechando. Ele afirmou que a mudança do clima é resultado das mesmas dinâmicas que fraturam a sociedade entre ricos e pobres, e que será impossível contê-la sem superar as desigualdades entre as nações.
Combustíveis fósseis e desmatamento
Embora defenda a pesquisa de petróleo na Bacia da Foz do Amazonas pela Petrobras, o presidente afirmou que é essencial reduzir a dependência de combustíveis fósseis e avançar na reversão do desmatamento.
Lula lembrou que a humanidade está ciente do impacto da mudança do clima há mais de 35 anos, desde a primeira publicação do relatório da ONU, mas que foram necessárias 28 conferências para reconhecer a necessidade de se afastar dos combustíveis fósseis e de deter o desmatamento.
Ele acrescentou que é preciso construir um mapa do caminho para alcançar esses objetivos de forma justa e planejada. Disse ainda que, apesar das dificuldades e contradições, é necessário reverter o desmatamento, superar a dependência dos combustíveis fósseis e mobilizar os recursos indispensáveis para esses propósitos.
A proposta de um plano global contra o desmatamento e os combustíveis fósseis é defendida por entidades ambientais, que esperam que o tema esteja incluído na resolução final da COP30.
