Segunda-feira, 15 de dezembro de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 15 de dezembro de 2025
A surrada e antiga expressão: “Uma imagem vale mais que mil palavras”
cabe perfeitamente na imagem que ilustra este artigo.
Ela reúne, em um único quadro:
Aparentemente, cada uma dessas contingências urbanas tem causas particulares. No entanto, todas se interligam, com maior ou menor intensidade, por suas consequências.
O resultado final é exatamente o que a imagem revela: tolerância excessiva, permissividade e descaso com os espaços públicos.
Em 1994, o então prefeito de Nova York, Rudolph Giuliani, implementou a política que ficou conhecida como “tolerância zero”, uma estratégia de segurança pública baseada na teoria das “janelas quebradas”, que defendia o combate a pequenos delitos como forma de prevenir crimes maiores.
De volta à nossa realidade, a imagem captada expõe exatamente a dinâmica aplicada em Porto Alegre de forma totalmente invertida — ou seja, o descaso que gera insegurança pública.
O primeiro impulso é buscar um culpado. Culpamos o poder público, que, por sua vez, culpa a legislação em vigor. Aqueles que poderiam mudar as leis — políticos eleitos — culpam a sociedade por ser opressora. Há ainda quem defenda que pichações são expressões artísticas e que viver nas ruas é um direito das pessoas.
O lixo espalhado nas ruas e a insalubridade decorrente são consequências diretas da falta de dignidade imposta àqueles que buscam sustento nas sobras, muitas vezes defendidos por quem legitima os “excluídos” e seus supostos direitos.
As pichações são fruto da tolerância ou da ignorância de quem não distingue arte popular de marcação de território por facções e traficantes.
Humanos em abandono nas ruas estão à sombra das leis.
Todos sabem que viver na rua não é um direito do cidadão, mas uma imposição — resultado de uma crença teimosa de que a liberdade pode tudo.
É como se atirar do 10º andar para sentir-se livre. Dura três segundos.
Humanos em abandono, lixo nas ruas e pichações desencadeiam a sensação de insegurança e medo na população. Verdadeiras barricadas são erguidas nas residências na tentativa de barrar a ousadia dos bandidos. O resultado é estética e moralmente pavoroso: defendemo-nos de outros humanos.
Daí você pode perguntar: e os postes com a maçaroca de fios? O que têm a ver com isso?
Do ponto de vista imediato, apenas a degradação estética. Mas, em um sentido mais amplo, trata-se de mais um componente do desleixo e do abandono, assim como os demais exemplos. As maçarocas de fios são mais um “ornamento” da paisagem caótica da cidade.
Prefeito, vereadores, Ministério Público e a sociedade precisam se dar conta de que já passou da hora de admitir os erros de enfoque sobre os conceitos de liberdade e expressão artística — e jogar luz sobre as sombras das leis.
Rogério Pons da Silva
Jornalista e empresário
rponsdasilva@gmail.com