Terça-feira, 22 de julho de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 21 de julho de 2025
Emanuela Giangreco, organizadora de casamentos, costuma dizer a seus clientes que sua cidade natal, Veneza, é “delicada” — uma descrição que contrasta com os relatos sobre como o casamento de Jeff Bezos e Lauren Sánchez aconteceu por lá no último dia 28 de junho. Em março, Paul Sanchez, irmão de Lauren, contou ao TMZ que a cerimônia, com cerca de 200 convidados, rivalizaria em pompa com o casamento da princesa Diana na Catedral de St. Paul, em Londres. Segundo tabloides, o custo teria chegado a vários milhões. A revista People declarou que o casal planejou “o casamento do século”, com direito a Bezos atracando seu iate de US$ 500 milhões, o Koru, na Lagoa de Veneza, o que gerou protestos.
O espetáculo levou Giangreco — que antes organizava casamentos exclusivamente em Veneza, incluindo o seu próprio — a refletir sobre como seu negócio se expandiu por toda a Itália na última década. Quando lançou a Ema Giangreco Weddings, em 2015, ela organizava cerca de oito casamentos de americanos por ano na cidade. Hoje, atende casais dos Estados Unidos em todo o território italiano, onde os pedidos por cerimônias na Toscana e na Costa Amalfitana triplicaram.
O Convention Bureau Italia, entidade privada nacional que promove o turismo, documentou um aumento de dois dígitos nos casamentos de americanos em 2024 e revelou que 30% de todos os casamentos realizados no país hoje são de casais dos EUA. A tendência é confirmada por dados da agência de viagens Journeys Inc., da Virgínia. Segundo sua presidente, Kim Goldstein, a Itália está consistentemente entre os cinco destinos mais procurados por casais americanos que querem se casar fora do país. “Desde a pandemia, vimos um aumento de 10% no número de casais americanos escolhendo a Itália como local para casamentos de destino”, disse Goldstein.
Embora Veneza continue sendo um cenário pitoresco — com mais de 600 casamentos por ano, segundo autoridades locais —, Giangreco observa que há um movimento em direção a outras regiões italianas que atendem ao desejo dos americanos por novidades. “O que está acontecendo agora, o que está mudando, é que há dez anos quase todas as solicitações envolviam o Lago de Como”, disse Lynn Easton, proprietária da Easton Events LLC, empresa de casamentos de luxo com sede na Carolina do Sul. “Agora, como tudo na vida, as pessoas querem ideias novas.” Uma de suas clientes está explorando as Dolomitas, cadeia montanhosa no nordeste do país. Sicília e Puglia também estão em alta. “Ninguém quer algo mais distante ou difícil de chegar”, afirmou. “Mas o que eles querem é algo ‘único’ e ‘diferente’.”
Para ela, a busca por palácios e vilas italianas pouco conhecidos é constante. “Nós, como setor, estamos constantemente expandindo os limites. Na Itália, isso significa mais e mais regiões sendo exploradas.” Diana Sorensen, diretora da Sugokuii Events, que só aceita dois casamentos por ano com orçamentos acima de US$ 5 milhões, disse que os casais americanos que podem gastar esse valor buscam não só exclusividade, mas também isolamento. “Eles podem querer uma ilha minúscula em algum lugar, ou um local sem restrições de barulho e com total privacidade”, explicou. Nascida em Nova York, mas morando em Roma há quase toda a vida, Sorensen diz que seu histórico dá aos clientes a confiança de que ela sabe onde procurar. “Conseguimos identificar lugares que nunca foram usados antes”, disse, acrescentando que tem acesso a locais que os donos e conselhos de preservação só disponibilizam para um número restrito de pessoas. “Isso atrai um tipo específico de cliente.”
Também são cobiçadas as experiências únicas que não podem ser replicadas em outros lugares do mundo — como colher azeitonas em Puglia, segundo Easton, ou sobrevoar o Monte Etna de helicóptero, segundo Sorensen. O desejo de explorar novos destinos nem sempre resulta em uma invasão do charme local ou na saturação da hospitalidade italiana pelos americanos, dizem as organizadoras. Segundo várias profissionais, os casamentos americanos na Itália costumam durar três dias, com festa de boas-vindas, cerimônia e brunch de despedida. Em muitas regiões, os moradores já contam com esses eventos e com o fluxo de visitantes e dinheiro que eles trazem.
“É um setor enorme, de grande importância para os locais”, afirmou Marianna Di Paolo, dona da La Calla Events, empresa da Costa Amalfitana, um dos destinos mais procurados atualmente. Quando a empresa começou, há 25 anos, atendia principalmente casais britânicos e australianos, com cerimônias mais íntimas. Hoje, 80% dos clientes são americanos que impulsionam a economia local com festas maiores. “As pessoas ficam muito felizes quando veem casamentos de americanos aqui”, disse Di Paolo. Segundo Goldstein, da Journeys, os casais dos EUA gastam, em média, US$ 50 mil em casamentos na Itália para 50 convidados — dependendo do local, da complexidade e do número de pessoas.
Suita Carrano, presidente da Associação Internacional de Organizadores de Casamentos e fundadora da Prestige & Luxury Weddings, observa que casamentos de destino geralmente permitem gastos maiores por convidado, já que o número de presentes tende a ser menor. “Se você mora em Nova York e convida 500 pessoas para a Itália, 250 não vão conseguir ir”, afirmou. Ainda assim, é provável que queiram. Segundo as organizadoras, os americanos vão à Itália para se casar não só pelo charme do Velho Mundo e pelo clima romântico. Para Carrano, “tudo gira em torno do vinho e da comida”. Sorensen acrescenta que o Instagram também mantém viva a atração pela Itália: “Os americanos estão vendo muito da natureza, da beleza, da moda e das festas associadas à Itália nas redes sociais. Isso alimenta os sonhos deles”.