Quinta-feira, 18 de abril de 2024

Não é verdade que vacina contra covid fez “explodir” doenças cardíacas em crianças

É enganoso um post no Twitter que reproduz a imagem da capa de um jornal impresso irlandês, na qual a manchete traduzida afirma que “doença cardíaca em crianças explode desde a vacina”. A capa é a 11ª primeira edição do jornal que tem publicado conteúdo antivacina.

A manchete atribui ao Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos e ao Escritório Nacional de Estatísticas Britânico supostos dados sobre mortes e sequelas em crianças pós-vacinação da covid. Contudo, nenhuma das instituições reconhece as informações publicadas no texto como verdadeiras.

Ambas as instituições têm monitorado e divulgado pesquisas e dados sobre o assunto, mas nenhuma delas identificou a disparada de óbitos ou efeitos graves em crianças por conta da vacinação da covid. O órgão britânico alerta, inclusive, que o jornal faz uma “interpretação enganosa dos dados”. Já o centro norte-americano, dentre outras informações, ressalta que as vacinas da covid “estão passando pelo monitoramento de segurança mais intenso da história dos Estados Unidos”.

A autora da postagem, identificada como Karina Michelin, não se manifestou sobre o assunto.

Esclarecimentos

No texto da imagem investigada, cujo título em tradução livre é “Doença cardíaca em crianças explode desde a vacina”, o jornal afirma que “dados oficiais publicados pelo Centro de Controle de Doenças dos EUA revelaram que 106 crianças morreram após a vacinação”. O CDC é um órgão de saúde do governo dos Estados Unidos.

O CDC informou que “até o momento, o CDC não observou nenhum relato de morte após a vacinação com mRNA Covid-19 em que o curso clínico ou os achados da autópsia fornecem evidências claras de que a morte pode ser atribuída à miocardite associada à vacina mRNA Covid-19”. Logo, o dado utilizado na matéria não procede.

A reportagem diz ainda que em “22 de abril de 2022, houve 48.033 reações adversas às injeções de covid em crianças, das quais 12.548 foram consideradas graves, resultando em hospitalização, invalidez permanente ou morte. Infelizmente, 106 crianças perderam a vida”.

Questionado, o CDC informou que, em 2 de junho de 2022, havia 997 relatórios não verificados registrados no Vaccine Adverse Event Reporting System (VAERS), em tradução livre, “Sistema de Relatório de Eventos Adversos de Vacinas” de casos potenciais de miocardite e pericardite entre pessoas com menos de 18 anos. Destes, 259 estão em análise no momento.

Já outros 647 relatórios foram verificados por meio da confirmação de sintomas e diagnósticos por entrevista com o provedor ou revisão de registros médicos, para atender à definição de caso de trabalho do CDC para miocardite. Assim, as contagens de relatos verificados de miocardite por faixa etária foram as seguintes:

— 5 -11 anos: 21 relatos verificados de miocardite após 18.905.428 doses administradas;

— 12-15 anos: 337 relatos verificados de miocardite após 23.502.803 doses administradas;

— 16-17 anos: 289 relatos verificados de miocardite após 12.796.521 doses administradas;

É importante reiterar que os dados são até o dia 2 de junho. O CDC informa ainda que qualquer pessoa pode consultar os dados sobre Eventos Adversos Selecionados Relatados pós-vacinação covid no site disponibilizado pelo órgão. Outro destaque, segundo o CDC, é que as vacinas contra a covid estão passando pelo monitoramento de segurança mais intenso da história dos Estados Unidos.

A instituição afirma ainda que houve relatos raros de morte para o Sistema de Notificação de Eventos Adversos da Vacina em pessoas que desenvolveram miocardite após a vacinação da covid com mRNA, e o CDC analisa esses relatórios da seguinte forma: tenta fazer o acompanhamento para obter registros médicos ou confirmar informações com profissionais de saúde ou departamentos de saúde.

A matéria investigada também menciona que “o Escritório Britânico de Estatísticas revelou que as crianças têm até 52 vezes mais chances de morrer após a vacina do que aquelas que não a tomaram”. A entidade britânica ressaltou que “essa interpretação dos dados é altamente enganosa”.

O Escritório explicou que “as taxas de mortalidade devem ser interpretadas com cuidado para crianças devido à forma como as crianças em risco foram priorizadas no lançamento da vacina”.

Outro ponto, diz a instituição, é que “relativamente poucas crianças teriam sido vacinadas triplamente no momento do nosso último estudo e algumas dessas categorias de idade têm relativamente poucas mortes, então as taxas variam consideravelmente”.

O Escritório também indicou um artigo publicado pela instituição em março de 2022 sobre vacinação e mortalidade envolvendo jovens. Dentre os pontos principais destacados, constam:

— Atualmente, não há evidências de mudança no número de mortes relacionadas a doenças cardíacas ou mortes ocorridas por qualquer causa após a vacinação contra o coronavírus em jovens de 12 a 29 anos na Inglaterra;

— Mais mortes foram registradas em jovens de 15 a 29 anos na Inglaterra em 2021 do que o número médio registrado em 2015 a 2019; mas, não houve excesso em 2021 para óbitos por doenças do aparelho circulatório;

— Ainda não temos um quadro completo de como a pandemia de coronavírus afetou o número de óbitos entre jovens, porque leva muito tempo para investigar as mortes por causas externas.

Compartilhe esta notícia:

Voltar Todas de em foco

No País, quase 180 milhões de brasileiros receberam ao menos uma dose de imunizante contra covid
“A Petrobras declarou guerra ao povo brasileiro”, diz presidente da Câmara dos Deputados
Pode te interessar
Baixe o app da TV Pampa App Store Google Play