Quinta-feira, 17 de julho de 2025

Não tem mais ninguém aqui

Recentemente, uma paciente antiga me relatou momentos muito felizes, mas com um final totalmente inesperado. Contou que seu neto, que mora no Canadá, veio passar uns dias de férias com a família. Passadas as primeiras 48 horas de convívio doméstico e caseiro, após matar as saudades e colocar as fofocas em dia, relatou que perguntou ao neto: “E aí, não vai ver os amigos?” Ele respondeu: “Só consegui encontrar um, mas ele está viajando!”. Ela contestou: “Mas e os outros?” Ele retrucou com amargor: “Não tem mais ninguém aqui! Todos foram embora!”

Fiquei pensando com meus botões e refletindo sobre minha situação familiar:

Minha filha caçula, Gabi, mora em Sidney e possui 2 australianos. O meu sobrinho Guilherme, filho do meu irmão Gilberto, mora em Genebra. Minha sobrinha Maitê mora em Cincinnati. Rodrigo, em Lisboa e Dudu também está indo para Portugal. Do ponto de vista familiar é um pouco triste este afastamento, mas acho que eles não voltam mais!

Lendo sobre o assunto, descobri que 5 milhões de Brasileiros moram no exterior. É mais que toda população do Uruguai.

Vários são os motivos que explicam este êxodo. Apesar do Brasil ser o país mais rico do mundo, as perceptivas não estão boas para as futuras gerações!
A instabilidade política e econômica gera desconfiança para o futuro. A nossa falta de segurança é vergonhosa.

Quarenta e cinco mil brasileiros morrem assassinados por ano. Este ranking nós lideramos!

Em mortes por acidentes de trânsito estamos em números absolutos no 3º lugar. Só perdemos para Índia e China que possuem mais de um bilhão de habitantes.

Em média 100 pessoas morrem por dia nas nossas estradas. Entretanto, a fuga do nosso país se deve principalmente pela incessante busca de melhor qualidade de vida com acesso mais fácil a saúde e a educação.

No mundo capitalista que vivemos ainda a maior motivação para mudar de país é uma remuneração mais justa. Isto só pode ser encontrado no primeiro mundo onde o patamar do bem comum está muito mais elevado e a distribuição de renda é melhor.

Se nós não mudarmos o rumo, distribuindo mais educação, justiça, saúde e renda a nossa diáspora cada vez será maior.

Nós queremos que nossos filhos e netos vivam aqui no país “abençoado por Deus e bonito por natureza”.

Por favor, senhores governantes, mudem nossos caminhos, nós queremos ficar aqui!!

Carlos Roberto Schwartsmann – Médico e professor universitário

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