Sexta-feira, 04 de julho de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 4 de julho de 2025
Novamente escrevo triste e envergonhado pelos rumos da universidade e principalmente por nossas faculdades de medicina.
Nossos governantes gostam da quantidade e não da qualidade.
O ProUni (Programa Universidade para Todos) oferece bolsas de estudo para o ensino superior. Visa aumentar as oportunidades para estudantes de baixa renda. O programa é louvável, mas esquece de incentivar e qualificar o motor dessa nova corrente, que são os professores universitários.
É um programa similar ao “Mais Médicos”. A meta é aumentar o número de profissionais, isto é, novamente aumentar a quantidade e não a qualidade dos novos médicos. As novas faculdades de medicina não possuem corpo docente qualificado e vão produzir alunos mais desqualificados ainda. Faltam até médicos nas novas cidades premiadas politicamente.
O MEC ainda não expôs publicamente os critérios de autorização para criação das novas faculdades de medicina e responde na Justiça questionamento do Conselho Federal de Medicina (CFM).
Entretanto, se existem faculdades de medicina sobrando, faltam professores universitários. Ser professor é uma profissão desafiadora, que exige constante atualização. É estudo para toda vida! Exige conhecimento, compromisso e dedicação.
Até os dias de hoje, ser professor universitário era uma honra! Isso tudo acabou! Existe no ar um desencantamento!
Recentemente, recebi a notícia de que na universidade federal, no concurso para professor de cirurgia em ortopedia, só teve um escrito.
O critério mínimo para inscrição é que o candidato possua mestrado e doutorado. Conheço dezenas de colegas aptos para concorrer, mas desistiram! Por que, depois de estudarem 6 anos de graduação, 3 de residência médica, 2 de mestrado e 3 de doutorado, isto é 14 anos, desistem da docência?!
A explicação é simples:
Três são os motivos: ideologização nefasta da universidade, más condições de trabalho e salários aviltados e desajustados.
A revisão salarial do professor universitário é urgente! Eles estão abandonando a carreira. Além do ensino, o professor universitário é a base da pesquisa e da produção científica. Nos últimos 2 anos, ela caiu 15% no Brasil. Menos conhecimentos significa menos resoluções para os desafios nacionais, desde as terapias médicas até a genética na agropecuária. É extremamente urgente reconhecer e pagar dignamente o professor universitário.
Carlos Roberto Schwartsmann – Médico e Professor universitário