Sábado, 08 de novembro de 2025

No “apagar das luzes”, grupo tenta aprovar liberação de jogos de azar

Às vésperas do fim do ano, um movimento de um grupo da Câmara dos Deputados tenta aprovar o chamado Marco Regulatório dos Jogos no Brasil, que prevê a legalização e regulamentação dos jogos de azar, em meio físico ou virtual, em seis modalidades: cassino, bingo, bicho, apostas de cota fixa, apostas turfísticas e jogos de habilidade.

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), pautou como primeiro item da ordem do dia de terça-feira (14) um requerimento de 2016 que pede urgência na apreciação do projeto em questão, que é de 1991 e tem sido discutido ao longo dos anos na Casa sem nunca obter sucesso.

A intenção de parlamentares envolvidos na discussão da matéria é aprovar a urgência e já pautar a matéria para a votação na próxima semana. Em setembro, Lira criou um grupo de trabalho para debater o projeto de lei de 1991 e a sua atualização.

De lá para cá, o grupo discutiu o assunto e promoveu audiências públicas, mas sem muitos holofotes. O assunto já não era debatido na Câmara há algum tempo. A última movimentação do projeto é de 2016, quando foi aprovado o parecer do relator Guilherme Mussi (PP-SP) na comissão especial da Casa criada para deliberar sobre o marco.

O grupo de trabalho tem o deputado Felipe Carreras (PSB-PE) como relator. Uma minuta do substitutivo ao projeto foi entregue no grupo no último dia 8, mas ainda passará por algumas alterações.  Carreras defendeu que o assunto foi exaustivamente debatido no grupo de trabalho, criado por Lira em 9 de setembro já com a indicação dos membros e previsão de 90 dias de funcionamento, prorrogáveis por igual período.

“Não foi eximida essa possibilidade de discussão e debate. O grupo de trabalho foi aberto com prazo e não deixou de haver discussão. Se algum partido não teve interesse de indicar um membro, é porque não quis discutir o tema”, defendeu Carreras, frisando que o grupo tem parlamentares de diferentes posições políticas, como legendas de esquerda e até aliados do presidente Jair Bolsonaro, como Bibo Nunes (PSL-RS). Questionado sobre a necessidade de se pautar a urgência da matéria, o relator falou sobre desemprego e arrecadação de imposto por parte do estado brasileiro.

“Os jogos estão acontecendo cada vez mais e o estado não está arrecadando nada. A gente enxerga que é importante o estado brasileiro arrecadar, fiscalizar. Cada dia que se passa o estado está perdendo mais oportunidade. Não tem nada fora do tempo”, afirmou. Segundo ele, o fato de ser fim de ano não justifica deixar de discutir e votar um assunto. O parlamentar ainda frisou que a população está precisando de emprego e que a legalização e regulamentação abrirá mais oportunidades.

O assunto, entretanto, é polêmico, com grande restrição de partidos de esquerda e da bancada evangélica, que já travou a aprovação da matéria diversas vezes. Assim, a votação do assunto em regime de urgência deve sofrer resistência dessas bancadas. Líder da oposição, o deputado Alessandro Molon (PSB-RJ) afirmou que a matéria “mereceria um debate mais aprofundado do que o se quer fazer”.

“Qual a razão de se votar uma matéria dessa em urgência? Qual a urgência de se liberar os jogos de azar no Brasil? Sou contrário à votação de urgência e lamento que, mais uma vez, o caminho natural dos projetos tenha sido desrespeitado para votar uma matéria complexa e polêmica”, afirmou. Segundo ele, o fato de o requerimento de urgência ser de 2016 e ainda não ter sido votado, mostra que a matéria não é urgente.

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