Sábado, 27 de julho de 2024
Por Redação Rádio Pampa | 20 de maio de 2023
O senador Sergio Moro (União-PR) disse culpar o governo Lula e o PT pela decisão do Tribunal Superior Eleitoral de cassar o mandato de deputado federal de Deltan Dallagnol (Podemos-PR). A declaração foi feita em entrevista publicada na sexta-feira (19).
Conforme a tese vencedora no TSE, uma “manobra” de Deltan para deixar o Ministério Público Federal e se candidatar à Câmara “impediu que os 15 procedimentos administrativos em trâmite no CNMP em seu desfavor viessem a gerar processos administrativos disciplinares, que poderiam ensejar pena de aposentadoria compulsória ou perda do cargo”.
“No fundo, eu coloco a culpa no governo, porque o PT e o governo vêm construindo esse clima no Brasil de continuidade da polarização”, alegou Moro. “Então, o tribunal aplicou a lei, acho que fez uma interpretação incorreta da lei, não a melhor. Mas, no fundo, é esse contexto de cassação, de ameaça, de censura, isso não faz bem para o País.”
Moro disse, ainda, respeitar o TSE e seus ministros, mas tornou a tentar ligar a cassação de Deltan – seu aliado desde os tempos de Lava Jato – ao governo.
Tanto Deltan quanto Sergio Moro são nomes-símbolo da Lava Jato – Deltan como coordenador da força-tarefa da investigação no Ministério Publico, Moro como juiz responsável pelas condenações com base no que foi investigado. Na entrevista, o senador defendeu a operação: “Quem foi processado na Lava Jato recebeu suborno ou pagou o suborno. (…) O que houve depois foi uma revisão, uma revanche contra esse combate à corrupção que eu lamento, mas eu nunca tratei essas questões de um ponto de vista pessoal”.
Perseguição
“Existe um contexto que a gente não pode ignorar, que é um contexto de perseguição à oposição”, insistiu. “Em qualquer governo, há as pessoas que apoiam o governo e tem a oposição. Temos que discutir projetos, mas o grande problema é que o governo e o Lula, em particular, têm contribuído com discurso que não pacifica o País.”
Em seu voto pela cassação de Deltan, o relator do processo no TSE, Benedito Gonçalves, sustentou que “quem pretensamente renuncia a um cargo para, de forma dissimulada, contornar vedação estabelecida em lei, que é a indisponibilidade de disputar a eleição, incorre em fraude à lei”.
O voto foi integralmente seguido pelos ministros Raul Araújo, Sérgio Banhos, Carlos Horbach, Cármen Lúcia, Kassio Nunes Marques e Alexandre de Moraes.