Domingo, 06 de julho de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 3 de agosto de 2023
No período em que a taxa de juros permaneceu em níveis mais altos, a renda fixa se tornou a maior aposta dos investidores, enquanto os ativos de renda variável precisaram lidar com o aumento dos resgates. As empresas também sofreram com a alta nas despesas financeiras provenientes do pagamento de juros de empréstimos e demais dívidas e com o aumento da inadimplência entre os consumidores.
Com as projeções de um novo ciclo de quedas da Selic (taxa básica de juros), a expectativa é de que o cenário fique mais amigável para os ativos de risco, ao passo que os rendimentos na renda fixa devem perder ganhos.
Segundo especialistas, mais do que nunca, os investidores precisarão ser criativos para manter os ganhos com os ativos mais conservadores. “A renda fixa deverá ser aproveitada com um mix de ativos pós-fixados, prefixados e títulos de inflação, com mais peso em prefixados e inflação que anteriormente”, afirma Rodrigo Correa, estrategista-chefe e sócio da Nomos.
Títulos indexados à inflação, que remuneram geralmente a variação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), mais uma taxa prefixada, serão ativos-chave da renda fixa nos próximos meses. “Pelo menos um terço do total alocado em renda fixa deverá estar em inflação”, afirma Correa. O especialista afirma que apesar das deflações recentes, registradas em junho e julho, o País tende a ter uma inflação mais elevada no longo prazo, o que pode favorecer esses ativos.
Alternativas
Para Simone Albertoni, analista de produtos de renda fixa da Ágora Investimentos, “o investidor que focar só no CDI verá os rendimentos caírem”. “Os indexadores que mais protegem em cenário de queda de juros são os prefixados e os papéis que remuneram a inflação mais um juro fixo”, afirma.
Dentro de uma conjuntura de juros em queda e rendimentos menores nos pós-fixados, os produtos isentos de Imposto de Renda (IR) são uma boa escolha para os investidores com objetivos de longo prazo e que conseguem deixar o capital alocado no ativo até o vencimento.
É o caso das Letras de Crédito Imobiliário e do Agronegócio (LCI e LCA) e das Letras Imobiliárias Garantidas (LIGs), além dos papéis ligados ao crédito privado, como Certificados de Recebíveis Imobiliários e do Agronegócio (CRIs e CRAs) e debêntures incentivadas.
“Há um risco maior e por esse motivo eles oferecem um retorno melhor também. Entretanto, o cliente precisa ter um apetite a risco mais elevado”, afirma Simone. A importância da isenção de IR na rentabilidade dos produtos de renda fixa em momento de queda da Selic fica clara nas projeções feitas por Rafael Haddad, planejador financeiro do C6 Bank, para o E-Investidor.
Bolsa
O Ibovespa acumula valorização de 10,14% no ano e a perspectiva daqui para frente é de que a Bolsa continue em trajetória positiva, com destaque para segmentos até então pressionados pelos juros altos.
“Com a queda da Selic, a tendência é que os investidores procurem mais risco e direcionem investimentos para a Bolsa”, afirma Marcelo Boragini, sócio da Davos Investimentos. “Os setores que tendem a se beneficiar são os mais sensíveis a taxas de juros, como o varejo, que estava muito depreciado e deve ficar atrativo agora.”
Gustavo Cruz, estrategista chefe da RB Investimentos, chama a atenção para uma possível valorização do dólar nos próximos meses – cenário que beneficia exportadoras, como frigoríficos e empresas de papel e celulose. “Quando temos juros menores no Brasil e juros mais elevados nos EUA, isso impacta o fluxo de dólares para títulos brasileiros e pode depreciar o real”, afirma, ao se referir à atração que a maior economia do mundo provoca no mercado financeiro global.
A alocação em construtoras ligadas à faixa populacional de baixa renda e o setor educacional também devem entrar no radar dos investidores com os juros mais baixos, segundo Rodrigo Cohen, analista de investimentos e cofundador da Escola de Investimentos. “A população de baixa renda deve ser a principal beneficiada pelo barateamento do crédito”, diz Cohen.