Terça-feira, 16 de setembro de 2025

Nossa Independência

Estávamos em 1975, Ernesto Geisel presidia o Brasil, Sinval Guazzeli governava o Estado e Guilherme Villela a Prefeitura de Porto Alegre. O Brasil vivia um momento duro de restrita democracia e liberdade de expressão. Mas
a roda andava, havia, independentemente do antagonismo ideológico, uma visão de pátria.

Como todo jovem de 18 anos, eu prestava o serviço militar. Soldado contra a vontade, inapto a vida da caserna e a disciplina, saia de uma cadeia entrava em outra. Meu pelotão era um desastre, a maioria veio cumprir aquele tempo
de atividade cívica sem saber o que ela representava e mais, sem escolha, se houvesse, não estaríamos ali. Ter que cortar e manter o cabelo a escovinha era um castigo, até mesmo uma humilhação.

Éramos um bando de desordenados, chegávamos atrasados, não marchávamos direito, fugíamos da guarda, parelhos com o Recruta Zero, personagem famoso ao tempo das revistas em quadrinhos. Então veio o 7 de setembro. Domingo típico do nosso Rio Grande, frio e com uma leve chuva que penetrava. Do nosso jeito irreverente adentramos na Av. João Pessoa, dia de homenagear a Independência do Brasil.

Em algum momento, já perto do palanque, nossos ouvidos encontraram o Hino Nacional. Foi inexplicável, até mesmo difícil de descrever. A marcha trôpega se transformou num passo só, corpos eretos, a continência firme e respeitosa e o olhar na bandeira do nosso País. Fomos invadidos por um sentimento de brasilidade que até hoje me enche de orgulho por ter nascido nesta Terra abençoada.

Não era nem soldado, nem civil, apenas um brasileiro. Lá se vão 50 anos. O período duro da ditadura é passado, deixou sequelas, avaliação de cada um, mas o Brasil tem que continuar com os brasileiros. Domingo (7) homenageamos a Independência mais uma vez. Espalhados pelo País, muitos foram às ruas expor suas angústias, suas verdades em lados diferentes e antagônicos, cada lado torcendo pelo insucesso do outro, como se tal não resultasse no insucesso comum.

Na mesma linha, o 20 de setembro se aproxima, um espaço de tempo que marca a história gaúcha, a Revolução Farroupilha. Sem capturas, pouco importa o lado, nossa independência, a liberdade de expressão e o exercício pleno da democracia são bandeiras de todos. Delas não podemos nos afastar. Como está no nosso Hino: “Mostremos valor, constância nesta ímpia e injusta guerra, sirvam nossas façanhas de modelo a toda a terra.

(Eduardo Battaglia Krause é advogado e escritor)

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