Terça-feira, 22 de julho de 2025

Nove ex-ministros da Justiça repudiam Trump e “intervenção abusiva” no Supremo

Um grupo formado por nove ex-ministros da Justiça divulgou, nesta segunda-feira (21), um manifesto em solidariedade ao Supremo Tribunal Federal (STF) e aos seus magistrados, que se tornaram alvos de sanções impostas pelo governo de Donald Trump. No total, oito ministros do STF tiveram seus vistos para os Estados Unidos cassados. A medida também atingiu o procurador-geral da República, Paulo Gonet, e foi extensiva a seus familiares.

O manifesto aponta o que os ex-ministros classificam como uma “indevida coação” por parte do governo norte-americano, interpretada como uma tentativa de retaliação ao Judiciário brasileiro por decisões que contrariaram interesses de grandes empresas dos Estados Unidos.

O documento é assinado por nomes de diferentes períodos e espectros políticos, incluindo Eugênio Aragão, José Carlos Dias, José Eduardo Cardozo, Miguel Reale Júnior, Milton Seligmann, Nelson Jobim, Raul Jungmann, Tarso Genro e Torquato Jardim. Eles ocuparam o cargo de ministro da Justiça em diferentes governos e se uniram agora em defesa da independência do Poder Judiciário.

Segundo o manifesto, “se não bastasse a intromissão em julgamento, no qual se assegura a ampla defesa e o contraditório, o governo norte-americano promoveu perseguição a oito ministros do STF, cassando seus vistos, cassação extensiva aos seus parentes”.

Os ex-ministros afirmam que a decisão do governo Trump representa uma tentativa de intimidação ao STF, especialmente após o ministro Alexandre de Moraes determinar que Jair Bolsonaro, investigado por tentativa de golpe de Estado, fosse submetido a medidas restritivas, como o uso de tornozeleira eletrônica, proibição de sair de casa à noite e nos fins de semana, além da obrigação de manter distância de sedes diplomáticas.

No texto, os ex-ministros expressam “repúdio a esta intervenção abusiva” e prestam “solidariedade ao STF e aos seus ministros, vítimas de indevida coação que visa constrangê-los na sua liberdade de decisão e a retaliar a coragem e a independência de contrariar interesses de grandes empresas norte-americanas”.

Eles afirmam ainda que “seria apenas risível esta pretensão de Trump e dos Estados Unidos de interferir no julgamento, submetido ao devido processo legal, sendo que réus agentes políticos e um ex-presidente, que agiram contra a democracia, se não se revelasse uma afronta inadmissível à nossa soberania, bem fruto do transtorno delirante do atual governo norte-americano”.

O documento é finalizado com um apelo enfático: “Em nome da defesa da soberania do Brasil, apresentamos nossa profunda solidariedade ao STF e aos seus membros”, conclui o manifesto. (Com informações de O Estado de S. Paulo)

Compartilhe esta notícia:

Voltar Todas de Política

Eduardo Bolsonaro diz que o ministro do Supremo Alexandre de Moraes bloqueou suas contas
Movimentações atípicas: ministro Alexandre de Moraes manda investigar compra e venda de dólar no dia do anúncio do tarifaço de Trump
Pode te interessar
Baixe o app da TV Pampa App Store Google Play