Sexta-feira, 26 de abril de 2024

Novo estudo indica que casos graves de covid estão ligados a um sistema imune “exausto”

A covid-19 grave está associada à exaustão e ao envelhecimento do sistema imunológico. É o que aponta um estudo feito pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) e pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), publicado na revista científica Journal of Infectious Diseases.

O trabalho analisou amostras de sangue de 22 pacientes internados com casos graves de covid-19 e as comparou com amostras coletadas de indivíduos saudáveis. Foram encontrados sinais de hiperatividade, exaustão e envelhecimento de células de defesa conhecidas como linfócitos T auxiliares, causados pela infecção por coronavírus. Segundo os cientistas, os dados indicam perda da capacidade de resposta dessas células na covid-19 grave, o que pode facilitar infecções secundárias e reinfecções.

Segundo Alexandre Morrot, pesquisador do Laboratório de Imunoparasitologia do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), professor da Faculdade de Medicina da UFRJ e coordenador do estudo, os linfócitos T auxiliares são os “maestros” do sistema imune, conduzindo a produção de anticorpos diante do reconhecimento de proteínas virais.

“Nos pacientes com covid-19 grave, observamos que os linfócitos T CD4 [auxiliares] estão em estágio final de diferenciação, apresentando marcadores de exaustão e senescência. São células que perderam a capacidade de expansão clonal, ou seja, não vão se multiplicar ao entrar em contato com as proteínas virais e não vão conseguir comandar uma resposta imunitária eficiente”, afirma o imunologista.

De acordo com o pesquisador, o quadro pode ser caracterizado como um estado de imunodeficiência aguda. A queda na imunidade deixa os indivíduos mais vulneráveis para contrair outras infecções, como as pneumonias bacterianas, que são comuns em pacientes hospitalizados por covid-19.

Esse problema também ajuda a explicar o alto número de reinfecções por covid-19, o que surpreendeu cientistas. Isso porque infecções virais agudas costumam produzir uma memória imunológica forte, que evita, por exemplo, que a mesma pessoa contraia sarampo ou catapora duas vezes.

Além da presença de moléculas consideradas como marcadores de senescência e exaustão nos linfócitos T auxiliares, os pesquisadores encontraram altos níveis de substâncias inflamatórias liberadas por essas células no soro dos pacientes.

Segundo os cientistas, os dados indicam um processo de hiperativação, que leva os linfócitos ao estágio final de diferenciação celular, resultando em exaustão e envelhecimento do sistema imunológico.

“Tudo isso reforça a importância de terapias anti-inflamatórias, voltadas para controlar a resposta imune exagerada, que é uma vilã na covid-19”, comenta Morrot.

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