Terça-feira, 30 de dezembro de 2025

Novo teste pode detectar o Alzheimer antes do aparecimento dos sintomas

Cientistas da Northern Arizona University (NAU), nos Estados Unidos, desenvolvem uma nova estratégia para identificar a doença de Alzheimer em estágios iniciais a partir da forma como o cérebro utiliza a glicose. A pesquisa aposta na análise de microvesículas presentes no sangue, pequenas partículas que transportam informações biológicas e podem refletir processos que ocorrem no cérebro, sem a necessidade de procedimentos invasivos.

O estudo é conduzido pelo professor assistente Travis Gibbons, do Departamento de Ciências Biológicas da NAU, com apoio parcial da Associação de Alzheimer do Arizona. O foco do trabalho é o metabolismo cerebral, especialmente a utilização da glicose, considerada essencial para funções como pensamento, movimento e emoções.

Segundo os pesquisadores, cérebros saudáveis consomem glicose de forma intensa, enquanto em pessoas com Alzheimer esse metabolismo tende a ser mais lento — uma alteração que pode surgir antes mesmo do aparecimento de sintomas mais evidentes da doença. Tradicionalmente, medir esse processo exigia métodos complexos e invasivos, como a coleta de sangue diretamente das veias que drenam o cérebro, o que inviabiliza o uso em exames de rotina.

A nova abordagem utiliza kits disponíveis comercialmente para isolar e analisar microvesículas que circulam na corrente sanguínea. Parte dessas estruturas tem origem em neurônios e carrega substâncias que podem indicar alterações no funcionamento cerebral. A técnica vem sendo descrita como uma espécie de “biópsia cerebral” não invasiva, por permitir acesso indireto a informações específicas do cérebro.

Embora o método ainda esteja em fase de desenvolvimento, os pesquisadores avaliam que ele pode mudar a forma como o Alzheimer é diagnosticado e acompanhado ao longo do tempo. Em estudos anteriores, a equipe de Gibbons identificou biomarcadores associados à melhora da neuroplasticidade após a administração de insulina por via nasal, que facilita sua chegada ao cérebro. O objetivo agora é verificar se esses mesmos indicadores podem ser detectados nas microvesículas presentes no sangue.

A pesquisa avança de forma gradual. A primeira etapa envolve a validação da técnica em voluntários saudáveis. Em seguida, os cientistas pretendem comparar os resultados entre pessoas com comprometimento cognitivo leve e pacientes com diagnóstico de Alzheimer, para avaliar se as alterações no metabolismo da glicose podem servir como indicador da progressão da doença.

A expectativa é que, no futuro, o uso de biomarcadores permita não apenas o diagnóstico precoce, mas também estratégias de prevenção e monitoramento semelhantes às adotadas no controle de doenças cardiovasculares, com recomendações de hábitos saudáveis e acompanhamento contínuo da saúde cerebral.

Com informações de O Globo.

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