Terça-feira, 20 de maio de 2025

Número de nascimentos no Brasil cai pelo 5º ano: o que isso diz sobre o futuro da economia

Pelo quinto ano consecutivo, o Brasil registrou queda do número de nascimentos registrados – é o menor índice desde 1976, segundo levantamento de registros civis do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os dados foram divulgados nesta sexta-feira, 16.

A queda segue a tendência de envelhecimento do País e de perda dos efeitos do bônus demográfico, o que diminui a fatia da população em idade para trabalhar. Esse fenômeno também eleva a demanda de gastos com saúde, assistência social e aposentadorias.

Em 2023, segundo o trabalho, foram feitos 2,5 milhões de registros de nascimentos em cartórios do Brasil – recuo de 0,7% ante o ano anterior. Além da tendência estrutural de queda da natalidade, sinalizada nos últimos censos demográficos, o cenário também foi influenciado pela pandemia da covid-19.

Com o fim da crise sanitária, muitos casais adiaram o plano de ter filhos e houve pequena recuperação da demanda reprimida. Agora, porém, demógrafos acreditam que o total de nascimentos seguirá em declínio, tendência que se acentuará ao longo do século.

Entre 2022 e 2023, os nascimentos recuam em todas as regiões do País, exceto o Centro-Oeste (alta de 1,1%). Entre as unidades da federação, 18 viram queda, com destaque para Rondônia (-3,7%), Amapá (-2,7%), Rio de Janeiro (-2,2%), Bahia (-1,8%) e São Paulo (-1,7%).

Tocantins (3,4%) e Goiás (2,8%) estão entre os nove Estados que registraram aumento.

Além da taxa de fecundidade abaixo do nível de reposição (dois filhos – um para o pai e outro para a mãe), também recua o total de mulheres em fase reprodutiva.

O levantamento mostra que, entre 2003 e 2023, aumentou a porcentagem de mães no grupo etário de 30 a 34 anos (de 14,6% para 21%) e de 35 a 39 anos (7,2% para 13,7%), indicando tendência de envelhecimento no padrão reprodutivo das mulheres.

Por outro lado, no mesmo período, há redução expressiva de adolescentes (menos de 19 anos) que se tornam mães (de 20,9% para 11,8%), embora a gravidez precoce ainda seja um problema em regiões mais pobres do País.

Quando a população vai parar de crescer?

Conforme cálculos anteriores do próprio IBGE, a população terá seu ápice em 2041 – serão 220 milhões de habitantes. Depois, ela começa a diminuir, atingindo a 199 milhões até 2070.

Significa dizer que, em menos de duas décadas, o Brasil já terá crescimento negativo; ou seja, o número de mortes será maior que o de nascimentos e a população terá envelhecimento ainda mais acelerado.

Esse padrão já ocorre, por exemplo, na União Europeia. Antes do fim do século, o Brasil já terá deixado o grupo das dez nações mais populosas (hoje é a 7ª).

O envelhecimento da população é uma tendência que já vem sendo registrada pelo IBGE há décadas e, deverá estar consolidada nacionalmente em duas décadas.

Isso evidencia a tendência do fim do bônus demográfico (quando a proporção de jovens, a população economicamente ativa, é maior do que a de idosos e crianças, elevando a chance de o País elevar o seu Produto Interno Bruto, o PIB).

O período de bônus demográfico começou há cerca de 50 anos e começa a perder seus efeitos antes mesmo de 2030, quando a maior parcela da população já será de idosos.

O problema é que, embora mais velho, o Brasil não conseguiu deixar de ser um país de renda média. Segundo especialistas, o bônus demográfico aumenta a disponibilidade de mão de obra, mas sem avanços educacionais consistentes, a qualidade e a produtividade desta força de trabalho fica prejudicada.

O ritmo de expansão de gastos com aposentados, por exemplo, foi atenuado pela reforma da Previdência de 2019, mas segue trajetória de alta. O Tesouro Nacional projeta que, no parâmetro atual, o déficit previdenciário crescerá e a necessidade de financiamento – diferença entre o efetivamente gasto e o arrecadado – subirá de 2,68% do PIB neste ano para 11,61% em 2100.

Além da pressão sobre as despesas públicas, o envelhecimento da população contribui para maiores gastos das famílias. Entre as demandas, estão cuidadores de idosos e remédios. As informações são do portal Estadão.

 

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