Quarta-feira, 17 de setembro de 2025

O Brasil dos Pequenos Grandes Negócios: Como o Setor de Serviços Está Redesenhando a Economia

O Brasil dos Pequenos Grandes Negócios: Como o Setor de Serviços Está Redesenhando a Economia

Em um país onde a resiliência é quase um traço genético, o setor de Serviços se tornou o protagonista silencioso da reconstrução econômica. Nos primeiros oito meses deste ano, mais de 2,2 milhões de pequenos negócios foram abertos no Brasil — e 63% deles pertencem ao setor de Serviços. São números que não apenas impressionam, mas revelam uma nova paisagem empreendedora: descentralizada, digital, diversa e profundamente humana.

A cada dia útil de 2025, quase 8.500 novos CNPJs surgem no país. Em agosto, foram 262 mil empreendimentos registrados. Mas por trás desses dados há muito mais do que estatísticas: há histórias de brasileiros que decidiram transformar necessidade em oportunidade, talento em renda, e sonho em realidade. São cabeleireiras que montam salões em casa, professores que criam cursos online, entregadores que cruzam cidades com mochilas nas costas, publicitários que viram agências de si mesmos, e motoristas que fazem do transporte rodoviário de carga sua principal fonte de sustento. Esse último segmento, aliás, lidera o ranking de novas atividades com 206 mil registros em 2025, seguido por serviços de entrega (195 mil), publicidade (185 mil), beleza (170 mil) e ensino (149 mil). Cada número representa uma resposta direta às demandas da sociedade contemporânea: logística ágil, comunicação personalizada, estética acessível e educação complementar.

O crescimento do setor de Serviços está diretamente ligado à Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), divulgada pelo IBGE. Em julho, o volume de serviços cresceu 0,3%, marcando o sexto mês consecutivo de alta. No acumulado do ano, o setor registra avanço de 2,6%. Mais do que uma curva ascendente, trata-se de um movimento coletivo de reconstrução — uma espécie de economia da esperança.

Hoje, o Brasil abriga mais de 12,3 milhões de pequenos negócios ativos no setor de Serviços. E esse número tende a crescer. A explicação não está apenas na conjuntura econômica, mas na mudança de mentalidade. O brasileiro, historicamente habituado a buscar estabilidade no emprego formal, agora vê no empreendedorismo uma alternativa viável — e muitas vezes necessária. A formalização via MEI, ME e EPP permite acesso a crédito, proteção jurídica e inclusão digital, criando um ecossistema mais robusto e sustentável.

Décio Lima, presidente do Sebrae, atribui esse avanço a uma política econômica que coloca a população no centro das decisões. “São homens e mulheres que acordam cedo, enfrentam as adversidades e, além disso, geram emprego e renda para outras pessoas”, afirma. Mas o elogio vai além da retórica: é o reconhecimento de um Brasil que se reinventa todos os dias, nas esquinas, nas redes sociais, nos aplicativos e nas salas de estar transformadas em escritórios.

O setor de Serviços também é o mais adaptável às transformações tecnológicas. A digitalização acelerada durante a pandemia criou uma nova geração de empreendedores conectados, que usam plataformas para vender, ensinar, divulgar e entregar. O celular virou balcão, vitrine, caixa registradora e central de atendimento. E isso democratizou o acesso ao mercado, permitindo que empreendedores de periferias e cidades pequenas disputem espaço com grandes marcas.

Mas há desafios. A informalidade ainda é alta, a carga tributária é complexa e o acesso a crédito continua desigual. Para que esse movimento se consolide, é preciso investir em capacitação, simplificação fiscal e políticas públicas que enxerguem o pequeno negócio como motor da economia — e não como apêndice.

O Brasil dos pequenos negócios é, na verdade, um Brasil de grandes ideias. Um país que, diante da instabilidade, escolhe a ação. Que, mesmo sem garantias, aposta no próprio talento. E que, acima de tudo, acredita que é possível construir um futuro com as próprias mãos.

Em 2025, o setor de Serviços não é apenas um segmento econômico. É um retrato da alma brasileira: criativa, batalhadora, inquieta e profundamente comprometida com a transformação. Porque onde há gente, há demanda. E onde há demanda, há brasileiros prontos para atender — com coragem, com garra e com a convicção de que empreender é, também, resistir.

Compartilhe esta notícia:

Voltar Todas de Brasil

Mega-Sena: prêmio acumula e vai a R$ 33 milhões
Pode te interessar
Baixe o app da TV Pampa App Store Google Play