Terça-feira, 07 de outubro de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 7 de outubro de 2025
Por séculos, o homem ocupou o papel de centro gravitacional das relações. Ele era o provedor, o protetor, o dono da palavra final – e, claro, o autoproclamado “macho alfa”. A virilidade estava associada ao poder: quanto mais ele mandava, mais masculino parecia. Só que a história deu voltas, e as mulheres começaram a conquistar espaços que antes eram negados a elas: no mercado de trabalho, na política, na ciência, nos relacionamentos. Resultado? O “alfa” ficou sem trono e, muitas vezes, sem libido.
Mito da virilidade
O macho alfa sempre mediu sua força pela comparação: mais dinheiro, mais músculos, mais mulheres. Mas, quando a mulher não precisa mais de um provedor, esse jogo perde sentido. Muitas passam a ser chefes, empreendedoras, independentes financeiramente e emocionalmente. Isso gera, em alguns homens, uma sensação de deslocamento: se a mulher não precisa ser “dominada” nem “salva”, qual é, então, o meu papel?
Essa dúvida mexe diretamente com a sexualidade. A excitação, que antes vinha da posição de “conquistador”, pode dar lugar à insegurança. A libido não desaparece porque a mulher cresceu, mas porque alguns homens ainda não encontraram novas formas de se enxergar no cenário atual.
Troca de lugar
Para o macho alfa, o desejo estava ligado ao controle. Mas quando a parceira assume as rédeas – seja na vida profissional, seja no próprio prazer – muitos homens se sentem ameaçados. O problema não é o crescimento da mulher, mas a dificuldade de atualizar o software masculino.
A boa notícia? O desejo não está em extinção; ele só precisa ser reconectado a uma nova realidade. Relações horizontais, onde ambos dividem responsabilidades e prazeres, podem ser até mais excitantes do que aquelas antigas, baseadas em hierarquia.
Paradoxo
Enquanto algumas mulheres descobrem novas camadas de prazer e autonomia, alguns homens ainda travam batalhas internas contra o fantasma do “não sou mais necessário”. É quase um paradoxo: a evolução feminina poderia ser combustível para relações mais intensas e livres, mas vira gatilho para crises de autoestima em quem insiste em medir masculinidade pelo manual antigo.
Para onde vamos?
O declínio do macho alfa não é o fim do desejo masculino, mas um convite à reinvenção. O homem que antes se excitava pelo poder agora pode descobrir o prazer do companheirismo, da parceria e do respeito. Afinal, a libido não nasce apenas do corpo, mas da mente. E uma mente aberta a novos modelos de masculinidade encontra caminhos muito mais interessantes do que a velha cartilha do alfa dominante.
No fim, talvez a verdadeira virilidade do século XXI esteja justamente em aceitar o crescimento da mulher não como ameaça, mas como oportunidade de crescer junto. E convenhamos: não há afrodisíaco mais potente do que dois seres humanos que se encontram de igual para igual, sem precisar de tronos, coroas ou rugidos.
(Regina Racco/Extra)