Domingo, 09 de novembro de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 29 de abril de 2023
O ex-vice-presidente dos Estados Unidos Mike Pence se apresentou a um grande júri federal, em Washington, em audiência do processo que investiga as ações do ex-presidente americano Donald Trump, antes da invasão do Congresso Americano, em 6 de janeiro de 2021. Segundo uma fonte que pediu anonimato, Pence testemunhou no inquérito criminal que apura se Trump cometeu crime para se manter no poder, depois da derrota na eleição de 2020 — um processo que pode selar o destino político e legal do ex-presidente.
O ex-vice-presidente passou cinco horas a portas fechadas no Tribunal, após ter sido intimado a testemunhar, no início do ano. Pence é considerado uma testemunha-chave por ter sofrido pressão intensa do ex-presidente para que impedisse ou atrasasse a certificação do candidato vitorioso em 2020, o democrata Joe Biden, no Congresso.
Pence deve decidir, em breve, se vai disputar a vaga republicana na corrida presidencial de 2024, que tem Trump como principal pré-candidato do partido. Em janeiro de 2021, o então vice-presidente rejeitou as pressões de Trump para que usasse o poder de então presidente do Congresso para interferir na certificação do resultado do voto do Colégio Eleitoral que elegeu Biden.
No fim do ano passado, os assessores de Pence chegaram a conversar com o Departamento de Justiça americano sobre o possível depoimento na investigação que busca esclarecer se Trump e aliados violaram a lei federal ao tentar manter o ex-presidente na Casa Branca. Depois que as negociações não avançaram, os promotores optaram por uma intimação.
Tanto o vice-presidente como Trump tentaram derrubar a ordem judicial. Pence alegou que o pedido violava a cláusula de “discurso ou debate” da Constituição americana que protegia seu papel como supervisor da certificação dos resultados eleitorais. Ele teve uma vitória parcial, já que o juiz limitou o escopo do depoimento, liberando o ex-vice de falar sobre temas ligados ao papel dele como presidente do Congresso em 6 de janeiro de 2021, dia da certificação dos resultados eleitorais, quando apoiadores de Trump invadiram o Capitólio – alguns gritando “enforquem Pence”. No entanto, Pence seguiu obrigado a depor sobre possíveis violações criminais de Trump.
O ex-presidente americano foi denunciado pelo suposto pagamento US$ 130 mil (R$ 667 mil) em propina à atriz pornô Stormy Daniels em 2016
O ex-presidente reivindicou privilégio executivo para impedir a revelação de conversas entre os dois, mas não convenceu a justiça. Trump voltou a apelar contra o depoimento, na quarta-feira (26), mas teve o pedido rejeitado novamente.
Direitos políticos
No ano passado, o relatório final da comissão da Câmara dos Deputados americana que investigou o ataque ao Capitólio recomendou ao Congresso considerar que Trump perca os direitos políticos, com base em uma prerrogativa constitucional que penaliza insurgentes. A comissão concluiu que o então presidente conspirou criminalmente “com várias partes” para anular o resultado da eleição e não agiu para impedir que apoiadores atacassem o Congresso e recomendou que seja julgado por incitar uma insurreição que acabou com vários mortos. Foi a primeira vez na história americana que o Congresso recomendou um processo criminal contra um ex-presidente.
“A causa central de 6 de janeiro foi um só homem, o ex-presidente Donald Trump, que foi seguido por muitos outros. Nenhum dos eventos teria acontecido sem ele”, diz o texto do relatório final.
O documento, de mais de 800 páginas, foi elaborado com base em 1.200 entrevistas feitas ao longo de 18 meses, além de dez audiências públicas e centenas de milhares de documentos, incluindo e-mails que comprovariam falhas de segurança, segundo uma investigação da NBC, bem como em acórdãos em mais de 60 tribunais federais e estaduais.