Segunda-feira, 20 de outubro de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 20 de outubro de 2025
O favoritismo do atual advogado-geral da União, Jorge Messias, para ocupar a próxima vaga no Supremo Tribunal Federal (STF) movimentou os bastidores do governo e abriu uma disputa interna pela sucessão no comando da AGU (Advocacia-Geral da União). A disputa começa dentro da própria estrutura da instituição.
Integrantes próximos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) avaliam que, caso Messias seja confirmado para o Supremo, o sucessor deverá ser escolhido entre os quadros da própria AGU — e há preferência pela nomeação de uma mulher. A escolha teria o objetivo de suavizar as críticas à possibilidade de mais um homem ocupar uma cadeira na mais alta Corte do país.
Segundo auxiliares do Planalto, Lula confidenciou a interlocutores que pretende oficializar a indicação de Messias logo após a aposentadoria do ministro Luís Roberto Barroso, sem deixar que a decisão se arraste. O presidente, no entanto, ainda não definiu o perfil desejado para o novo titular da AGU.
Entre os nomes que despontam internamente, figuram quatro mulheres com diferentes perfis técnicos e trajetórias dentro da instituição: Anelize Almeida, procuradora-geral da Fazenda Nacional; Isadora Cartaxo, secretária-geral de Contencioso; Clarice Calixto, procuradora-geral da União; e Adriana Venturini, procuradora-geral federal.
Anelize atua na Procuradoria da Fazenda desde 2006 e tem trânsito livre junto à equipe econômica, especialmente com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Isadora Cartaxo, advogada da União há 17 anos, é responsável pelas ações da AGU no Supremo e mantém interlocução frequente com ministros da Corte.
Clarice Calixto, que já trabalhou nos ministérios da Justiça e da Cultura durante o governo Dilma Rousseff, é vista como uma figura de articulação política, com boa relação dentro do Executivo e proximidade com a primeira-dama, Rosângela Lula da Silva, a Janja. Adriana Venturini, por sua vez, tem longa carreira na advocacia pública — é procuradora federal desde 2002 e já atuou em tribunais superiores.
Outros nomes femininos também circulam entre os cotados, como as procuradoras Manuelita Hermes e Maria Rosa Loula.
Do lado masculino, dois possíveis sucessores também são mencionados por aliados do Planalto: Flavio Roman, advogado-geral substituto e procurador do Banco Central, e André Dantas, atual consultor-geral da União. Ambos têm experiência na estrutura da AGU e são vistos como opções técnicas.
Fontes próximas ao presidente lembram que a antecipação da aposentadoria de Barroso pegou o Palácio do Planalto de surpresa, o que acelerou as discussões sobre a sucessão de Messias. A decisão do ministro foi anunciada antes mesmo de uma comunicação formal ao Executivo.
No entorno de Lula, há quem defenda que o próximo chefe da AGU tenha perfil mais político, capaz de reforçar a defesa do governo em temas sensíveis e de diálogo com o Congresso, especialmente em meio à reaproximação diplomática com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Assessores lembram que Messias ganhou protagonismo dentro do governo desde o início do terceiro mandato de Lula, tornando-se uma das principais vozes jurídicas da gestão. Sua atuação em pautas complexas, desde a formação do novo gabinete até negociações com o STF, consolidou sua imagem como interlocutor confiável do presidente.
Entre os defensores de uma escolha política, há também quem defenda que Lula busque um nome próximo ao grupo Prerrogativas, que reúne advogados com histórico de defesa de pautas progressistas e é coordenado por Marco Aurélio Carvalho, aliado histórico do PT.