Quarta-feira, 16 de julho de 2025

O general Braga Netto coordenava as ações “mais violentas”, afirma a Procuradoria-Geral da República

Nas alegações finais apresentadas ao Supremo Tribunal Federal (STF), a Procuradoria-Geral da República (PGR) afirma que o general da reserva Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e ex-candidato a vice-presidente na chapa de Jair Bolsonaro em 2022, coordenou as ações mais violentas do grupo acusado de tramar um golpe de Estado após as eleições.

Segundo o documento assinado pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, Braga Netto teve papel central na engrenagem golpista, mantendo contato direto com os manifestantes e articulando ações clandestinas com militares ligados ao governo.

“As provas não deixam dúvidas de que Braga Netto, aliado de Jair Bolsonaro, era quem coordenava os ataques”, diz a PGR.

A Procuradoria afirma que ele também foi o responsável por manter a base bolsonarista mobilizada, garantindo a continuidade das manifestações e articulando um eventual apoio das Forças Armadas.

“Seu papel era crucial para garantir a continuidade da mobilização e para manter os manifestantes motivados, dizendo a eles que ‘ainda não havia terminado’, enquanto internamente se aguardava uma ação militar”, afirma o texto.

De acordo com o MPF, Braga Netto atuou junto ao núcleo mais radical da organização criminosa, encarregado de “monitorar e neutralizar adversários políticos”, numa estratégia para instaurar o caos social e justificar um golpe de Estado.

“Valendo-se do seu elevado poder de influência no núcleo decisório da Presidência da República, o réu atuou de forma incisiva para garantir o êxito da empreitada golpista, coordenando as ações mais violentas da organização criminosa e capitaneando iniciativas para pressionar o Alto Comando do Exército”.

A peça do Ministério Público destaca que o ex-ministro participou do planejamento operacional de ações clandestinas, executadas por militares das Forças Especiais, e liderou a criação de um clima de instabilidade institucional.

“Sob o comando de Braga Netto, a organização criminosa empenhou-se deliberadamente em instaurar o caos social: fabricação de denúncias infundadas de fraude eleitoral; disseminação de notícias falsas contra o Judiciário; campanhas difamatórias; financiamento de manifestações antidemocráticas”, detalha a PGR.

A Procuradoria ainda aponta que Braga Netto teve papel ativo nos bastidores dos atos de 8 de janeiro de 2023, considerados uma tentativa de consumar o golpe.

“Braga Netto contribuiu decisivamente para a escalada de tensão institucional que culminaria nos violentos protestos registrados em 8 de janeiro. O resultado trágico dos atos antidemocráticos deflagrados em Brasília […] tem ligação direta com a conduta adotada pelo réu.”

Com base nessas evidências, a PGR pediu a condenação de Braga Netto por:

– Organização criminosa armada;
– Tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito;
– Golpe de Estado;
– Dano qualificado contra o patrimônio da União;
– Deterioração de patrimônio tombado.

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