Quarta-feira, 23 de julho de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 22 de julho de 2025
O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), afirmou, em entrevista ao programa Papo com Editor, do Estadão/Broadcast, que o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) criou um “problema” para a direita brasileira ao buscar apoio nos Estados Unidos ao pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro, réu sob acusação de tentativa de golpe e monitorado por tornozeleira eletrônica.
A movimentação de Eduardo resultou em um tarifaço imposto ao Brasil anunciado no último dia 9 pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A família Bolsonaro passou a vincular a revogação da taxação a uma anistia para o ex-presidente.
“Um erro não justifica o outro”, declarou Zema, sobre o impacto da medida e o “fôlego” que ela deu à popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, como mostrou recente pesquisa. Na avaliação do governador, houve um erro por parte de Lula ao criticar o presidente americano abertamente na cúpula do Brics, no dia 7 de julho, no Rio, e ao se aliar a países com posturas “antiamericanas”, como o Irã.
No entanto, Zema disse acreditar que o tarifaço é severo e atinge diversas empresas, tanto brasileiras como americanas. Para ele, Trump deveria ter retaliado apenas o governo Lula, não o Brasil.
“Acho que, se você tem alguma desavença, deve se reunir particularmente. Se o presidente Lula tem algum senão com relação aos Estados Unidos, deveria ter pedido uma audiência e ter ido falar: ‘Trump, eu não quero isso, não concordo com isso’, e não ficar falando para o mundo todo. E, pior ainda, se aliando a países que claramente são antiamericanos, caso de Cuba, caso de Irã, causando uma proximidade constrangedora”, disse. “Acho que houve um erro do presidente Lula com relação a isso, com o grande parceiro comercial do Brasil”, declarou.
Atuação
Em relação à movimentação de Eduardo Bolsonaro nos Estados Unidos, o governador avaliou que ela atrapalhou a direita brasileira. “Houve, em minha opinião, um erro – que não se justifica – do presidente Trump de penalizar o País. Ele está penalizando inclusive empresas americanas instaladas aqui, empresas brasileiras, brasileiros que exportam para os Estados Unidos. E, realmente, a posição que foi adotada pelo filho do ex-presidente não foi a mais correta. Acho que isso acabou causando um problema para a direita. O presidente americano é totalmente imprevisível”, afirmou Zema.
“Questão política”
Para o governador de Minas, o Brasil “tem condições de negociar”. “Acho que o presidente americano tem de ver: se ele está discordando do posicionamento do governo brasileiro, que haja uma ação no sentido de retaliar o governo, não o País, que são entidades distintas. Os exportadores que fabricam aviões, suco de laranja e plantam café não podem ser penalizados devido a uma questão política”, disse ele.
Na entrevista, Zema também foi questionado sobre como a direita pode sair dessa situação e se a iniciativa do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), de tentar abrir canais de negociação, seria o melhor caminho. Segundo ele, as federações das indústrias, que são as que mais representam os setores atingidos, precisam ter um protagonismo. “Sei que já houve reuniões junto com a diplomacia brasileira e o governo, e é preciso fazer uma forçatarefa”, destacou.
Zema afirmou que esteve recentemente com Bolsonaro, antes de o ex-presidente ser obrigado a usar tornozeleira eletrônica e da proibição de usar redes sociais. “Fui lá me solidarizar.” O governador disse considerar Bolsonaro um “perseguido político”. (Com informações do jornal O Estado de S. Paulo)