Domingo, 09 de novembro de 2025

O governo quer envolver bancos públicos e privados no programa de renegociação de dívidas prometido durante a campanha eleitoral

O governo quer envolver bancos públicos e privados no chamado “Desenrola”,
programa de renegociação de dívidas prometido durante a campanha eleitoral.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o seu secretário-executivo, Gabriel Galípolo, tratará da proposta primeiramente com as presidentes da Caixa e do Banco do Brasil. A ideia deve ser levada ainda em janeiro ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Além de pessoas físicas, o programa envolverá ações para pequenas empresas.

“Se possível, vamos contar com bancos privados também”, disse Haddad, em
entrevista ao portal “Brasil 247”. “Você tem uma governança que pode apontar
caminhos para o crédito e bancos públicos que vão lançar, em parceria com bancos privados, o ‘Desenrola’.”

O cenário pode ser facilitado também, segundo o ministro, por medidas gestadas pelo Banco Central que oferecem aumento de competitividade no sistema financeiro, aumento de crédito e diminuição do spread. Essa agenda, segundo ele, “deve ser aprofundada”.

Questionado sobre medidas para impulsionar o mercado interno, Haddad disse que, além da diminuição de dívidas e de custos financeiros, será prioridade do governo retomar o poder de compra do salário mínimo.

Ao final da entrevista, Haddad foi questionado sobre o posicionamento do ex-ministro da Economia, Paulo Guedes, defendendo a liberdade para manutenção de reservas pessoais em paraísos fiscais. O novo titular da Fazenda respondeu que possui apenas uma conta bancária, conjunta com a esposa, no Banco do Brasil, e elogiou a instituição pública.

Discurso de posse

O discurso de posse de Haddad como ministro da Fazenda foi bem recebido pelos analistas, mas todos foram unânimes em cobrar ações concretas em relação à política fiscal. Ele voltou a dizer que vai apresentar uma nova âncora até junho.

Haddad afirmou que a nova âncora será confiável, “respeitada e cumprida”. Mas o primeiro sinal de compromisso com a responsabilidade fiscal do novo ministro, que foi o anúncio de que as isenções sobre combustíveis seriam revistas, acabou não se concretizando.

Haddad havia sinalizado que não manteria as isenções, aprovadas por Bolsonaro para baratear a gasolina e o diesel e turbinar sua popularidade, com impacto fiscal previsto no Orçamento de 2023 de R$ 52 bilhões. O governo, no entanto, decidiu prorrogá-las.

“Na primeira bola dividida, ele perdeu. E isso alimenta a narrativa de que ele não vai ter poder político, embora talvez ele queira uma política austera e sustentável. O presidente é que vai decidir e, entre manter o nível de gasto visto pela ala política como necessário e cortar o gasto em função de uma regra fiscal, eles sempre vão decidir por mais gastos”, afirmou o ex-diretor do Banco Central Tony Volpon.

A economista Alessandra Ribeiro, sócia da Tendências Consultoria, tem a mesma avaliação.

“Foi um sinal de que o Haddad pode até vir com ideias responsáveis, mas vai chegar no grande árbitro que é o Lula, e ele pode não aceitar. Caiu muito mal isso, foi de cara perdendo uma batalha”, disse. “O ministro, por mais que esteja bem-intencionado, pode ter uma limitação quando chega no presidente. Acho que é esse o grande medo do mercado.”

Na posse, Haddad criticou as medidas adotadas pelo ex-presidente em meio à corrida eleitoral no ano passado. E, principalmente, os decretos publicados no apagar das luzes do governo, cujo impacto, segundo o ministro, será de até R$ 15 bilhões.

“A expressão “arrumar a casa” tornou-se uma metáfora comum nos discursos dos que iniciam um novo governo. Mas, ouso dizer, estamos mais próximos da necessidade de reconstruir uma casa do que simplesmente arrumá-la. Os atos na política econômica do país em 2022 foram dos golpes mais duros que eles desferiram contra o povo brasileiro. Não apenas contrariaram o bom senso e a recomendação de técnicos da Economia: foram deliberadamente irresponsáveis”, disse o ministro.

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