Quarta-feira, 14 de maio de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 12 de maio de 2025
O esperado acordo entre China e Estados Unidos sobre as tarifas de importações pode trazer um impacto ruim para a economia brasileira. As enormes incertezas na economia global – provocadas pela guerra comercial declarada pelo governo dos Estados Unidos ao resto do mundo – levou a moeda americana a se desvalorizar mundo afora. E a apreciação do real frente ao dólar deu alívio a inflação, que apesar do choque de juros, se mantém acima do teto da meta.
Nessa segunda-feira (12), a moeda americana subiu em relação a todas as moedas, inclusive frente ao real. Com a confirmação do acordo, a tendência é que o dólar continue a se valorizar, o que vai impor nova pressão à inflação brasileira, ou pelo menos reduzir o alívio que estava começando a chegar.
Exportações
A redução das tarifas de importação é o ponto mais visível da negociação entre Estados Unidos e China. No entanto, o estopim da guerra tarifária foi o déficit de R$ 1,2 trilhão na balança americana nas transações comerciais com os chineses, e como isso ficará resolvido ainda não ficou claro.
O acerto dessa conta pode acabar sendo pago em parte pelas exportações brasileiras, teme Larissa Wachholz, sócia da Vallya Participações e coordenadora do Programa Ásia e do Grupo de Análise da China do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri). Ela destaca que, apesar de a questão do déficit não aparecer no full statement, ela está presente na declaração dos representantes americanos como fator primordial da negociação.
“Para fazer diferença nesse déficit, são necessários produtos na casa do bilhão, estou falando de grandes volumes ou itens de valores mais altos. Por isso, eu acho que tem um risco, sim, para o Brasil sair perdendo. Dito isso, não acho que a China, digamos assim, queira desmobilizar o Brasil como fornecedor agrícola, mesmo em parte, não acho que este seja um plano A da China. Isso não seria positivo para a China, afinal estamos falando de uma negociação muito tensa, tem uma boa notícia, mas foram meses muito ruim, de grande pressão americana e não acho que os chineses estejam totalmente dispostos a desmobilizar cadeias de suprimento que levam tempo para construir. Mas me pergunto se terão outra escolha. Não vejo outro setor que pudesse atender esse volume, ainda que não consiga resolver todo o déficit, mas que você parcialmente dê uma solução para isso, se não for o agro”, ressalta Larissa.