Quarta-feira, 18 de junho de 2025

O mundo em colapso: 1910, a década que moldou o século XX

No início dos anos 1910, o mundo antigo ruía. Rivalidades imperiais, nacionalismos inflamados e uma fé cega no progresso tecnológico empurravam a civilização rumo ao colapso.

As alianças militares entre potências europeias – Tríplice Aliança e Tríplice Entente – criadas para manter a paz, tiveram um efeito contrário e devastador. Impérios multinacionais enfrentavam internamente pressões separatistas, como os impérios austro-húngaro e o otomano.

A Alemanha e a Itália, reunificadas recentemente, buscavam afirmar-se no cenário mundial. As disputas por colônias na África e na Ásia, tensões nos Balcãs, tendo a Rússia apoiando o pan-eslavismo e a Sérvia confrontando o Império Austro-Húngaro, compunham as tensões e instabilidade.

A tecnologia avançava, mas nem sempre para o bem. Metralhadoras, tanques e gases letais transformaram a guerra em carnificina. Telégrafos e locomotivas aceleraram decisões, dando um novo ritmo aos combates. A produção em massa crescia, aprofundando desigualdades e greves violentas. Mesmo os avanços da medicina, como vacina e anestesia, se mostraram insuficientes diante de uma pandemia.

O mundo se rompeu com o assassinato do arquiduque Francisco Ferdinando em 1914, por um radical sérvio. A Primeira Guerra Mundial se demonstrou uma crise civilizatória. Impérios se dissolveram, vinte milhões de pessoas morreram, uma geração inteira foi perdida.

Em 1917, a Revolução Russa instaurou o regime comunista, inaugurando uma nova era de conflitos ideológicos.

Em 1919, o Tratado de Versalhes impôs severas sanções à Alemanha, gerando um ressentimento que alimentaria conflitos futuros.

Do outro lado do atlântico, os Estados Unidos viviam o crescimento industrial acelerado, conflitos raciais e greves. Entrou na guerra em 1917 e selou sua ascensão como potência global. O mundo havia mudado.

A década de 1910 é o aviso ignorado da história. Ali se plantaram as sementes do autoritarismo, da reorganização econômica e da desilusão com o progresso. Foi revelado que o progresso técnico, sem ética, pode ser apenas uma engrenagem a serviço da destruição. Entender seus dilemas é essencial para compreender os desafios do nosso próprio tempo – em que as estruturas voltam a balançar, e a história, como sempre, sussurra ao presente.

* Marcelo Voigt Bianchi, mentor, conselheiro empresarial, contador e autor do livro “O Capo da Máfia: Destino Marcado”

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