Quarta-feira, 03 de dezembro de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 3 de dezembro de 2025
Com medo de perder influência e definhar na política nos próximos anos, o bolsonarismo deflagrou uma “guerra fratricida” que envolve a própria família do ex-presidente e gera uma série de traições nascomposições dos palanques estaduais.
Com Jair Bolsonaro preso em regime fechado, esse cenário tende a se aprofundar. Há uma avaliação entre os aliados mais fiéis do capitão de que o bolsonarismo pode desaparecer até a eleição de 2030 se o grupo aceitar candidaturas de pessoas moderadas ou que não sejam da raiz do movimento desde 2018.
O desentendimento sobre apoio ou não à candidatura de Ciro Gomes (PSDB) para governador no Ceará apenas traz à cena um elemento que todos sabiam: os filhos e Michelle vão brigar pelo domínio e poder do sobrenome.
Michelle rechaçou publicamente eventual aliança com Ciro Gomes, crítico contumaz de seu marido. Ela defendeu a candidatura do senador Eduardo Girão (Novo), bolsonarista raiz. Flávio, Eduardo e Carlos se queixaram da madrasta.
Girão saiu em defesa de sua apoiadora. “Quero agradecer à primeira-dama Michelle Bolsonaro pela sua verdade em defender como uma leoa seus princípios e valores. Não foi apenas um lançamento de pré-candidatura ao governo do Ceará, mas um ato de liberdade e solidariedade ao presidente Bolsonaro”, afirmou o senador. Apesar das juras de união e de um compromisso para não lavar roupa suja em público, todos sabem no PL das tretas entre Michelle e os filhos. Mas o timing surpreendeu pela exposição apenas uma semana após a prisão.
O posicionamento de Michelle no Ceará reabriu mais uma desconfiança na família Bolsonaro, a de que ela pode pleitear o espaço de presidenciável. Por ora, está com candidatura ao Senado bem articulada, mas no PL Mulher é crescente o número de integrantes que apoiam seu nome na chapa ao Planalto.
São Paulo ameaça ser palco do próximo capítulo. O maior colégio eleitoral do País vive um cenário de “se”. Se o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) disputar a Presidência, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) aparece como um nome forte à sucessão, mas os Bolsonaros não aceitam. Um dos motivos é porque ele não abraça incondicionalmente a defesa do ex-presidente.
As confusões em Santa Catarina e no Distrito Federal também não foram solucionadas e passam pelo seguinte questionamento: quem tem o sobrenome ou é o mais fiel escudeiro.
Mesmo com Bolsonaro preso, o nome da direita ao Planalto ainda precisa do seu aval para 2026. É o que indica pesquisa Real Time Big Data feita nos dias seguintes à prisão. O estudo feito em 8 Estados aponta as linhas ideológicas predominantes do eleitorado.
Até no Nordeste, onde o lulismo é a maior força, a segunda opção é de forma majoritária um candidato ligado a Bolsonaro e não à direita tradicional. O levantamento inclui entrevistas nos seguintes Estados: PR, SE, MT, RS, PI, BA e TO. “Bolsonaro ainda é guardião de um eleitorado conservador e anti-Lula”, diz Wilson Pedroso, sócio do instituto.