Domingo, 05 de outubro de 2025

O presidente eleito Donald Trump não está perdendo tempo em enfrentar as três instituições do governo que mais frustraram suas ambições políticas durante seu primeiro mandato

Donald Trump forma governo para enfrentar instituições que se tornaram problemas no primeiro mandato. O Departamento de Justiça, o Pentágono e as agências de inteligência foram as áreas do governo mais resistentes a Trump em seu primeiro mandato, e ele pretende mudar isso, deixando claro que não irá tolerar resistência desta vez.

Com suas escolhas de subordinados para liderar o Departamento de Justiça, o Pentágono e as agências de inteligência, Trump ignorou figuras do establishment como as que ele indicou há oito anos, optando por aliados incendiários com currículos não convencionais, cuja qualificação mais importante pode ser a lealdade a ele.

As escolhas de Matt Gaetz para procurador-geral, Pete Hegseth para secretário de Defesa, e Tulsi Gabbard para diretora de inteligência nacional nos últimos dias chocaram uma capital que talvez não devesse ter ficado tão surpresa assim. Qualquer um que tenha ouvido as promessas e reclamações de Trump na campanha eleitoral nos últimos dois anos poderia facilmente ter previsto que ele elevaria os compatriotas dispostos a executar sua tomada hostil do governo.

Se confirmados, Gaetz, Hegseth e Gabbard iriam constituir a frente das tropas de choque da guerra autodeclarada de Trump contra o que ele chama de “Estado profundo”. Os três ecoaram suas convicções de que o governo está cheio de servidores públicos de carreira que ativamente frustraram suas prioridades enquanto ele estava no cargo e o atacaram depois que ele saiu. Nenhum deles tem o tipo de experiência relevante para esses empregos comparável aos antecessores de qualquer partido, mas pode-se esperar que todos eles levem “um maçarico” ao status quo, para usar o termo do ex-estrategista de Trump Stephen Bannon para Gaetz.

Em seu podcast na quarta-feira (13), logo após a nomeação de Gaetz, Bannon destacou apresentadores, produtores e convidados da rede de TV MSNBC, bem como ex-investigadores e oficiais do FBI como um exemplo de alvos que Gaetz perseguiria se tivesse o poder de processar. “Eu entendi que eles tinham medo de nós”, ele continuou. “E por que eles têm medo de nós? Porque viemos para derrubar os globalistas e o Estado profundo.”

A escolha de Gaetz foi tão surpreendente para muitos em Washington que até mesmo os republicanos tiveram dificuldade, a princípio, em entender se Trump estava falando sério. Ele parecia quase se deleitar com as reações explosivas no Capitólio. “Ele está simplesmente provocando a América neste ponto”, escreveu Alyssa Farah Griffin, ex-assessora da Casa Branca de Trump que rompeu com ele, em uma publicação nas redes sociais.

Indicados inesperados

A disposição de Trump em escolher indicados que antes seriam inimagináveis também se estendeu além das agências de segurança nacional. Na quinta-feira (14) ele escolheu Robert F. Kennedy Jr., o ex-candidato à presidência que ganhou notoriedade liderando um movimento antivacina, para ser o secretário de Saúde e Serviços Humanos. Para a secretaria de Segurança Interna, Trump indicou a governadora Kristi Noem, de Dakota do Sul, cujas chances de ser vice-presidente desapareceram após ela admitir que matou seu próprio cachorro de 14 meses porque ele era “indomável” e mordia pessoas.

Mas o Departamento de Justiça, o Pentágono e as agências de inteligência foram as três áreas do governo que se mostraram os obstáculos mais persistentes diante dos esforços passados de Trump para legitimar sua presidência e reverter sua derrota em 2020 para se manter no poder.

As agências de inteligência mantiveram sua avaliação de que a Rússia interferiu nas eleições de 2016 com o objetivo de ajudar Trump a derrotar Hillary Clinton, apesar de uma forte reação do recém-eleito presidente, que declarou publicamente acreditar nas negações do presidente Vladimir Putin.

O Departamento de Justiça recusou os pedidos de Trump de processar muitos de seus adversários, incluindo Hillary Clinton, o ex-presidente Barack Obama e seu então vice, Joe Biden, embora tenha investigado outras pessoas que irritaram o presidente. Mais criticamente, o departamento resistiu à pressão para declarar publicamente que houve irregularidades significativas nas eleições de 2020, a fim de justificar a reversão da vitória de Biden.

O Pentágono, por sua vez, deixou claro que não cooperaria com nenhum esforço ilegal para usar tropas contra opositores domésticos ou ajudar Trump a ficar no cargo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Compartilhe esta notícia:

Voltar Todas de em foco

Ataque na capital federal: Estadia de homem-bomba em Brasília e ameaças nas redes sociais evidenciam falhas dos órgãos de inteligência contra extremismo
Reunião de líderes mundiais no Rio tem segurança 5 estrelas: presença de chefes de Estado e delegações muda rotina de hotéis do Rio
Pode te interessar
Baixe o app da TV Pampa App Store Google Play