Sábado, 14 de junho de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 13 de junho de 2025
Israel lançou ataques militares de grande escala contra o Irã e seu programa nuclear na noite de quinta-feira (12), matando vários altos oficiais militares e cientistas nucleares do país. O governo israelense afirmou que o objetivo da operação era impedir o avanço do programa nuclear iraniano.
Nessa sexta (13), após uma segunda ofensiva israelense, o Irã lançou centenas de mísseis balísticos. Vídeos mostraram o momento em que alguns deles atingiram Tel Aviv e furando o sistema de defesa do país rival.
A Embaixada de Israel no Brasil acusou o Irã de ser o “principal patrocinador do terrorismo global” e uma “ameaça existencial” ao Estado israelense, afirmando que o regime iraniano busca a “aniquilação do Estado de Israel” por meio de um “extenso e clandestino programa de armas nucleares”.
A alegação é de que o Irã acumulou “grandes quantidades” de urânio enriquecido para nove bombas nucleares, e que um terço desse urânio foi enriquecido nos últimos três meses. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu declarou que Israel não permitiria que o Irã obtivesse armas de destruição em massa.
Alvos
As Forças de Defesa de Israel atacaram dezenas de alvos militares e nucleares em diferentes regiões do Irã. O principal alvo foi a usina de Natanz, considerada o centro do programa de enriquecimento de urânio do Irã, com Israel afirmando ter causado “grandes danos” a ela.
Além disso, o serviço secreto israelense, o Mossad, realizou ataques infiltrados de drones para enfraquecer as defesas aéreas iranianas antes dos bombardeios aéreos.
O ataque ainda resultou na morte do chefe da Guarda Revolucionária, Hossein Salami, e do chefe das Forças Armadas do país, Mohammad Bagheri. Além deles, dois cientistas nucleares, Mohammad Mehdi Tehranchi e Fereydoon Abbasi, foram mortos.
Salami era uma das figuras mais poderosas do setor militar iraniano. Nome forte e próximo ao regime iraniano, o militar foi veterano da guerra Irã-Iraque dos anos 1980. Já Mohammad Bagheri foi o principal líder militar do Irã, chefe do Estado-Maior das Forças Armadas desde 2016. Devido a seu papel militar e político, ele foi classificado em 2019 como um dos líderes que “durante décadas oprimiram o povo iraniano e exportaram o terrorismo”, segundo o documento do Tesouro dos EUA.
Declaração de guerra
O líder supremo do país, Ali Khamenei, afirmou que os dois países terão um “destino amargo e doloroso” pelos bombardeios. Teerã também descreveu o ataque de Israel como uma “declaração de guerra” e pediu ao Conselho de Segurança da ONU para tratar a questão imediatamente.
Depois disso, o ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, afirmou que o país começou a se preparar para uma retaliação nos próximos dias, com o possível lançamento de mísseis e drones. O governo também enviou alertas para que a população fique próxima de abrigos em caso de ataque.
Histórico
A rivalidade entre os países, descrita como uma “guerra nas sombras”, intensificou-se após a Revolução Islâmica de 1979 no Irã. Antes disso, as relações eram cordiais, e o Irã foi o segundo país islâmico a reconhecer Israel.
O regime dos aiatolás impôs uma república islâmica que se apresentava como defensora dos oprimidos e tinha como principais marcas a rejeição ao “imperialismo” americano e a Israel, rompendo relações com Tel Aviv. O novo governo também cedeu a embaixada israelense à OLP (Organização pela Libertação Palestina), que então liderava a luta por um Estado palestino.
Com o tempo, Israel começou a ver o Irã como uma ameaça existencial devido ao seu programa nuclear e ao financiamento de grupos como Hamas e Hezbollah. A guerra em Gaza e ataques mútuos a oficiais e instalações já haviam escalado a tensão entre os países.
Arsenal
Israel tem uma vantagem tecnológica em seu arsenal aéreo, com 340 caças, incluindo modelos avançados como o F-35, F-16 e F-15, importados dos EUA. Seu sistema de defesa aérea também é considerado mais avançado, com sistemas como Seta, Domo de Ferro e Viga de Ferro.
O país ainda possui cerca de 90 ogivas nucleares e tem os Estados Unidos como seus principais aliados. Israel tem um orçamento militar anual de US$ 19,4 bilhões (em 2022) e efetivo de 169,5 mil militares na ativa e 465 mil reservistas.
O Irã é uma potência militar na região, com o segundo maior efetivo (610 mil militares ativos e 350 mil reservistas) e um orçamento de US$ 44 bilhões (em 2022). Possui 273 caças, mas sua frota é composta por jatos mais antigos ou obsoletos, incluindo caças da União Soviética. O Irã tem 13 vezes mais veículos de artilharia e lançadores de mísseis que Israel e produz drones de alta tecnologia, como o Shahed-136 e Mohajer 10.