Quarta-feira, 20 de agosto de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 19 de agosto de 2025
Em uma ação anunciada como de combate aos cartéis de drogas, mas que também pretende servir como pressão contra o regime de Nicolás Maduro, na Venezuela, os Estados Unidos mobilizaram mais de 4 mil fuzileiros navais e marinheiros para águas da América Latina e do Caribe.
A operação é uma das maiores movimentações militares recentes da região latino-americana e foi revelada nesta sexta (15) pela CNN.
Apesar da justificativa oficial, a presença militar estadunidense despertou a atenção de presidentes como Lula e Claudia Sheinbaum, do México.
Combate aos cartéis e pressão contra Maduro
A mobilização dos milhares de oficiais veio na esteira de uma ordem assinada de maneira secreta pelo presidente dos EUA Donald Trump na semana passada que estabeleceu o uso de força militar contra cartéis de drogas na região.
O texto oficializou a liberação por parte dos Estados Unidos para operações militares contra organizações “narcoterroristas”, seja no mar ou em solo estrangeiro.
Apesar da justificativa oficial da ofensiva, a medida tomada por Donald Trump pode ser encarada como uma “demonstração de poder” na região.
A CNN aponta, por exemplo, que a presença militar nos mares latino-americanos também busca pressionar o governo venezuelano. Os EUA veem ligações do narcotráfico com o presidente da Venezuela Nicolás Maduro.
Ação abre questionamentos sobre intervencionismo dos EUA na América Latina
Claudia Sheinbaum, que está em viagem oficial na Guatemala, afastou qualquer entendimento de “intervencionismo” dos EUA, ressaltando que a operação se dá em águas internacionais.
No entanto, a líder mexicana também defendeu, em coletiva de imprensa, o princípio de “autodeterminação”.
“Nossa opinião sempre será a autodeterminação dos povos. Não somente no caso do México, mas no caso de todos os países da América e do Caribe”, declarou.
Ainda não há posicionamentos públicos oficiais no Brasil, mas o governo de Lula estaria avaliando o envio de forças militares à região como “preocupante”, segundo o jornal O Globo.
De acordo com fontes ouvidas pela agência Reuters na noite de segunda-feira, as embarcações chegarão perto da costa do país caribenho na manhã de quarta-feira como parte de ordem emitida em 8 de agosto ao Pentágono para começar a usar força militar contra cartéis de drogas latino-americanos classificados por Washington como organizações terroristas, vistas como uma ameaça à segurança nacional dos EUA. A diretiva proporciona uma base oficial para lançar operações contra esses grupos em território estrangeiro e em águas territoriais correspondentes, levantando questões jurídicas.
No mesmo dia, o governo de Donald Trump dobrou para US$ 50 milhões a recompensa por informações que levem à prisão do líder venezuelano, sob a alegação do Departamento de Justiça de que o presidente venezuelano seria líder do Cartel de los Soles.