Sexta-feira, 25 de julho de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 23 de julho de 2025
A delicada situação de Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF) subiu mais um degrau na escala crítica na última segunda-feira (21), depois de, usando tornozeleira e impedido de usar redes sociais, ir pessoalmente ao Congresso e dizer que é, mais uma vez, vítima de uma perseguição. O ex-presidente está “por um fio” no aspecto jurídico — mas também no político.
Os caciques de alguns dos maiores partidos do País, principalmente os que integram o chamado Centrão, estão em silêncio neste momento. Um dos maiores entusiastas do ex-presidente, Ciro Nogueira, que chefia o PP e foi ministro de Jair Bolsonaro, até lamentou a ordem do ministro Alexandre de Moraes para que o ex-presidente usasse tornozeleira eletrônica, mas depois ficou distante das redes sociais até terça (22), quando rompeu o silêncio com uma publicação, mas sobre economia, PIB e FMI.
No Republicanos, o presidente, Marcos Pereira, divulgou uma convocação para que as pessoas se filiem à sigla. Apesar de terem sido aliados em 2018, o afastamento do pastor evangélico e de Bolsonaro não é de hoje e nem começou com o caso do golpe de Estado.
Outra prova de que o Republicanos não vai segurar a mão do ex-presidente nesse momento foi a decisão do presidente da Câmara, Hugo Motta (PB), que também é da sigla, de proibir as comissões de se reunirem na Casa durante o recesso parlamentar — o que sabota o plano dos bolsonaristas de forçarem um retorno às atividades.
Antonio Rueda, cacique do União Brasil, também está em silêncio. De acordo com informações do jornal O Globo, ele fará uma festa de aniversário de quatro dias em Mykonos, na Grécia, para comemorar seus 50 anos. O convite menciona festas luxuosas e jantares de altíssimo padrão.
Pelo lado do MDB e do PSD, chefiados por Baleia Rossi e Gilberto Kassab, também impera o silêncio sobre a situação crítica de Bolsonaro. Apesar da forte investida que parlamentares mais panfletários do PL fizeram na segunda, chefiados pelo deputado Sóstenes Cavalcante (SP), o cacique do partido, Valdemar Costa Neto, age de forma discreta diante da situação.
Ele chegou a repudiar a ação da Polícia Federal na sexta passada (18), mas vale lembrar que ele próprio chegou a ser investigado no caso da tentativa de golpe de estado e ficou preso alguns dias — mas, diferente de Bolsonaro, “entendeu” o recado da Justiça e não tentou desafiar o STF.
Uma das muitas explicações para esse isolamento político do ex-presidente, que fica cada dia mais claro, é a forma como a opinião pública tem o analisado. A crise do tarifaço fortaleceu o governo: uma pesquisa da Quaest divulgada na quinta passada (17), mostrou que a rejeição de Luiz Inácio Lula da Silva caiu depois do episódio e o petista abriu vantagem sobre Bolsonaro caso as eleições fossem agora.
A imposição da tarifa de 50% sobre a importação de produtos brasileiros, condicionada a livrar Jair Bolsonaro, foi um tiro que saiu pela culatra e virou a opinião do eleitorado contra ele. Mesmo inelegível, Bolsonaro ainda tem um grande capital político e seu destino é determinante para o xadrez de 2026. No entanto, apesar de ter ganhado tração nos últimos anos desafiando o Supremo, a estratégia não tem mais funcionado como antes e tem o levado ao isolamento, elevando o custo político de apoiá-lo abertamente.
A resistência de Bolsonaro em passar o bastão e escolher um sucessor a tempo de se construir uma candidatura forte tem incomodado a direita, que, ao que tudo indica, irá para 2026 fragmentada em várias candidaturas para enfrentar uma esquerda que deve se unir em torno da reeleição de Lula. (Com informações da revista Veja)