Domingo, 03 de agosto de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 2 de agosto de 2025
Mais do que uma sessão de desagravo a Alexandre de Moraes e à própria Corte, o Supremo Tribunal Federal (STF) deixou claro que as punições serão rígidas não apenas para os acusados de tramarem um golpe de Estado, mas também para quem tenta coagir o tribunal a enterrar as investigações.
Em mensagens duras, Moraes e Gilmar Mendes fizeram referência à atuação do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e do blogueiro Paulo Figueiredo. Os dois ministros avisaram que “pseudo-patriotas” terão resposta à altura do Judiciário.
Nos discursos, os ministros colocaram no mesmo pacote a trama golpista e a tentativa de coação ao Supremo no curso no processo. “O modus operandi golpista é o mesmo”, declarou Moraes.
O ministro também verbalizou o que já havia demonstrado na condução das ações penais do golpe: a tentativa de intimidação dos EUA não mudará o rumo investigações. Segundo ele, todos os acusados serão julgados neste semestre.
Primeiro a discursar, Luís Roberto Barroso fez a defesa institucional do tribunal. Gilmar e Barroso elogiaram a atuação de Moraes à frente das investigações. Depois das manifestações dos ministros, entoaram o coro pró-Moraes o procurador-geral da República, Paulo Gonet, e o advogado-geral da União, Jorge Messias. A sessão durou mais de uma hora. Não houve tempo para o plenário julgar os processos previamente pautados.
Apesar do apoio efusivo dos colegas, também ecoou o silêncio da maioria no plenário. O microfone estava aberto a todos os ministros que quisessem se manifestar, mas os outros oito integrantes da Corte não fizeram isso – Dias Toffoli, Cristiano Zanin, Flávio Dino, Cármen Lúcia, Edson Fachin, Luiz Fux, André Mendonça e Nunes Marques (estes três últimos escaparam da revogação dos vistos anunciada pelos EUA). Cármen Lúcia prestou solidariedade depois, no TSE.
Nos dias anteriores à sessão, alguns dos ministros que optaram pelo silêncio chegaram a comentar, em caráter reservado, que gostariam de prestar apoio público a Moraes. Na hora da sessão, desistiram.
Na noite anterior, todos os ministros foram convidados para um jantar no Palácio da Alvorada com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em um sinal de desagravo a Moraes. Seis compareceram – entre eles, Barroso, Gilmar e Flávio Dino, que prestou homenagem ao colega em uma rede social. Nos bastidores, nem todos os ministros do Supremo estão de acordo com a forma como Moraes conduz as investigações. Ainda assim, apesar de não terem levantado a voz para defender o colega, não o criticam publicamente, em nome da unidade institucional da Corte. As informações são do portal Estadão.