Quarta-feira, 16 de julho de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 15 de julho de 2025
O deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) declarou recentemente que as eventuais sanções do governo americano ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes não terão efeito político caso Trump demore a adotá-las contra o magistrado.
A afirmação se deu durante uma entrevista do parlamentar a Steve Bannon, ex-assessor de Trump na Casa Branca que é considerado um dos gurus da plataforma trumpista na eleição de 2016, e aliado de longa data de Eduardo. A conversa foi transmitida no podcast War Room, popular entre a direita americana.
A demora no anúncio das sanções tem frustrado o entorno bolsonarista, que aposta na medida para intimidar o STF às vésperas do julgamento que pode levar à condenação e à prisão de Jair Bolsonaro por tramar um golpe de Estado.
Tanto o deputado brasileiro quanto Bannon defenderam que Trump inclua Moraes na lista das chamadas sanções Ofac, sigla em inglês para Office of Foreign Assets Control, o Escritório de Controle de Ativos Externos do Departamento do Tesouro. As restrições são comumente comparadas nos bastidores dos EUA a uma “pena de morte financeira”.
Isso porque as sanções Ofac proíbem que empresas americanas realizem qualquer transação ou negociação com os sancionados – o que deverá prejudicar o acesso do ministro a cartões de crédito, bancos e até mesmo companhias aéreas.
“As sanções Ofac são o remédio certo contra esse vírus [da perseguição política]”, declarou Eduardo, ponderando em seguida: “Mas se demorarem a adotar as sanções, o regime [Lula] se consolidará. Será muito difícil aplicar as sanções com efeitos”.
“Hoje em dia, se você aplicar sanções à Venezuela isso não mudará as coisas. No Brasil ainda estamos em um momento que estas sanções podem interromper agressões contra os opositores políticos”, completou.
O efeito político esperado, segundo Eduardo, seria pressionar o Supremo a partir das punições contra Moraes e abrir caminho para a candidatura e a vitória do pai em 2026. Para ele, a ofensiva de Washington mandaria um recado direto para os outros dez ministros da Corte, que temeriam “se aposentar sob sanções” americanas.
“Se enfrentarmos a Corte [STF], eles [Lula e a esquerda] serão varridos do cenário político do Brasil”, ameaçou.
“Este é um governo morto e não há possibilidade de permanecerem no poder no ano que vem. A única forma seria impedir que um candidato da direita e um membro da família Bolsonaro concorra através do Judiciário”.
Eduardo se disse ainda vítima de “lawfare” no Brasil, o que justificou sua decisão de se autoexilar nos EUA em março passado.
Apesar do discurso beligerante de Eduardo, o tema das sanções está longe de ser unanimidade entre aliados do ex-presidente.
Para um interlocutor de Bolsonaro com bom trânsito no meio jurídico, o “tiro pode sair pela culatra” se uma eventual sanção do governo americano for mais branda do que o alardeado pela ala mais radical do PL.
“Se vier uma sanção light, como cassação de visto dos ministros, isso pode passar a impressão de que a Casa Branca lavou as mãos para o julgamento do Bolsonaro e que o STF pode fazer o que quiser com o ex-presidente”, afirmou.