Domingo, 09 de novembro de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 8 de novembro de 2025
O Tesouro Nacional projeta que a dívida do setor público consolidado – que inclui União, Estados e municípios – continuará em trajetória de crescimento até o final do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2026. De acordo com as estimativas divulgadas, o endividamento deve alcançar 82,5% do Produto Interno Bruto (PIB) naquele ano.
A projeção consta na 7ª Edição do Relatório de Riscos Fiscais da União, divulgada na sexta-feira (8) pela Secretaria do Tesouro Nacional. O cálculo considera o desempenho financeiro do governo federal, do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) e das administrações estaduais e municipais. Trata-se de um dos principais indicadores econômicos acompanhados por investidores e analistas, pois reflete a capacidade do país de honrar seus compromissos e o grau de sustentabilidade das contas públicas.
Caso a projeção se confirme, a dívida bruta brasileira terá crescido 10,8 pontos percentuais durante o atual mandato presidencial. Em dezembro de 2022, quando se encerrou o governo de Jair Bolsonaro, o indicador estava em 71,1% do PIB. O Tesouro destaca que, se o percentual projetado se concretizar, será o maior nível desde abril de 2021, quando a dívida bruta atingiu 82,6% do PIB, segundo a série histórica do Banco Central (BC), iniciada em 2008. O recorde permanece sendo o de 87,7% do PIB, registrado em outubro de 2020, durante o auge da pandemia de covid-19.
No relatório, o Tesouro ressalta que a redução sustentável da dívida pública, no médio prazo, dependerá da continuidade de reformas estruturais capazes de fortalecer o ambiente de negócios e de estimular o crescimento econômico. Segundo o documento, medidas que promovam a consolidação fiscal — ou seja, o equilíbrio entre receitas e despesas públicas — serão essenciais para conter a expansão da dívida e restaurar a confiança dos agentes econômicos.
Juros altos
Entre os fatores que podem dificultar essa trajetória de ajuste, o Tesouro menciona o cenário de juros elevados, com a taxa básica (Selic) atualmente fixada em 15% ao ano pelo Banco Central. A autoridade monetária indicou recentemente que os juros devem permanecer nesse patamar, o mais alto desde 2006, por um “período bastante prolongado”. Como parte significativa da dívida pública é corrigida pela Selic, qualquer alteração na taxa tem impacto direto sobre o custo do endividamento.
“Alterações na Selic impactam diretamente o custo da dívida pública, dada a elevada parcela de títulos vinculados à taxa de juros de curto prazo. Uma Selic 1 p.p. ao ano acima do cenário de referência até o fim do horizonte de projeção elevaria os juros nominais em média 0,6 p.p. entre 2026 e 2029, implicando gasto adicional de R$ 405,9 bilhões no período”, detalha o Tesouro.
Por outro lado, o relatório também aponta que uma redução de um ponto percentual na Selic ao ano, abaixo do cenário de referência, poderia gerar economia de R$ 395,1 bilhões no mesmo intervalo, contribuindo para aliviar as pressões fiscais. (Com informações do jornal O Globo.)