Quarta-feira, 29 de outubro de 2025

ONU se diz “horrorizada” com operação no Rio de Janeiro e cobra investigação rápida

O Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) informou estar “horrorizado” com a megaoperação policial nas comunidades do Rio de Janeiro e pediu investigações “rápidas e eficazes”. Em uma publicação nas redes sociais, a ONU diz que ação reforça a tendência de consequências letais das operações policiais em comunidades marginalizadas do Brasil.

“Lembramos às autoridades suas obrigações perante o direito internacional dos direitos humanos e instamos investigações rápidas e eficazes”, diz a publicação.

A megaoperação, deflagrada na terça-feira (28) afetou os Complexos do Alemão e da Penha, na zona norte do Rio de Janeiro.

A polícia e criminosos da facção entraram em combate e criaram cenas de “zonas de guerra” na região, com incêndios, fumaça e até ataques com drones.

A megaoperação nos complexos da Penha e do Alemão, na Zona Norte do Rio de Janeiro, deixou 121 mortos, incluindo quatro policiais, segundo balanço divulgado nesta quarta-feira (29) pelo governo do Rio.

A ação, considerada a mais letal da história do estado, mobilizou 2,5 mil agentes civis e militares e provocou bloqueios em vias, suspensão de aulas em 83 escolas e paralisação de linhas ônibus.

Moradores relataram ter encontrado dezenas de corpos na área de mata e levaram parte deles até a Praça São Lucas, na Penha. De acordo com a Polícia Civil, 63 corpos foram localizados na região durante as buscas.

Segundo o Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos da Universidade Federal Fluminense (Geni/UFF), o número de letalidades em uma única operação é o maior já registrado no Estado fluminense.

O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, manifestou críticas à falta de priorização da segurança pública no estado por parte do governo federal, especialmente durante a operação policial no Complexo do Alemão e da Penha. Apesar das críticas à gestão da segurança pública, Castro afirmou que não acredita em retaliação política: “Duvido que alguém eleito pelo povo faria algo contra o povo do Rio”.

Segundo Castro, em três ocasiões diferentes, foram solicitados blindados da Marinha para auxiliar nas operações, mas não houve resposta positiva. A justificativa apresentada envolvia a necessidade de uma Garantia da Lei e da Ordem (GLO), medida que não teve apoio.

Castro destacou que, apesar das dificuldades, existe um trabalho de integração com a Polícia Federal, citando operações bem-sucedidas recentes, incluindo o desmantelamento de uma fábrica de fuzis e ações contra lavagem de dinheiro.

O governo fluminense descreve a operação como a maior em 15 anos, marcada por intensa mobilização policial para conter a atuação do Comando Vermelho, que há meses ampliava sua presença em áreas estratégicas do Estado.

Já o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, afirmou que não recebeu nenhum pedido do governador Cláudio Castro para a megaoperação.

“Não recebi nenhum pedido do governador do Rio de Janeiro, enquanto ministro da Justiça e Segurança Pública, para esta operação. Nem ontem e nem hoje. Absolutamente nada”, disse o ministro em coletiva.

A operação, considerada a maior da história do Estado, teve como objetivo combater a expansão territorial do Comando Vermelho (CV) e prender lideranças criminosas que atuam no Rio e em outros Estados.

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