Sábado, 14 de junho de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 13 de junho de 2025
Um grupo de ambientalistas europeus, representantes de ONGs no velho continente, pediu a proibição de um dos herbicidas mais usados no Brasil e no mundo: o glifosato. A solicitação foi motivada por um novo estudo científico que conseguiu estabelecer um vínculo entre o desenvolvimento de câncer em ratos e a exposição prolongada ao herbicida, levantando preocupações sobre sua segurança.
“Claramente, o glifosato não atende aos requisitos de segurança da legislação europeia”, afirmou Angeliki Lysimachou, cientista responsável pela organização Pan Europe, em uma declaração conjunta com a ONG francesa Générations Futures. Ambas as entidades estão entre as mais ativas no monitoramento de substâncias potencialmente perigosas ao meio ambiente e à saúde pública.
A reação das organizações foi uma resposta direta a um estudo publicado na última terça-feira na revista científica Environmental Health. A pesquisa estabeleceu uma ligação clara, em experimentos com ratos, entre o surgimento de câncer — especialmente a leucemia — e a exposição ao glifosato. Essa exposição ocorreu tanto ao princípio ativo puro quanto a formulações comerciais amplamente utilizadas, como o Roundup, da multinacional Bayer.
O glifosato, apesar das controvérsias, foi reautorizado para uso na União Europeia em 2023. No entanto, seu impacto na saúde humana continua sendo objeto de intenso debate. A Organização Mundial da Saúde (OMS), por exemplo, classifica o glifosato como um provável cancerígeno. Por outro lado, agências reguladoras europeias argumentam que os riscos associados ao uso do produto não atingem um nível considerado “crítico”. Essas divergências decorrem, em grande parte, das diferentes abordagens metodológicas e dos estudos levados em conta por cada instituição.
A pesquisa mais recente foi conduzida pelo cientista italiano Daniele Mandrioli e sua equipe, que expuseram centenas de ratos a doses de glifosato dentro dos limites que atualmente são considerados seguros pelas autoridades europeias.
Mesmo dentro desses parâmetros, os cientistas notaram efeitos preocupantes. “O glifosato e os herbicidas à base de glifosato (…) causaram um aumento, proporcional à dose administrada, de tumores malignos e benignos em ratos de ambos os sexos”, afirmaram os responsáveis pelo estudo.
Embora os resultados não signifiquem necessariamente que o glifosato cause câncer em humanos, os autores do estudo acreditam que os achados reforçam os dados já existentes em estudos epidemiológicos. Esses estudos, realizados em populações expostas ao produto, também apontaram uma correlação significativa entre a exposição ao glifosato e o desenvolvimento de certos tipos de câncer. (Com informações do jornal O Globo)