Segunda-feira, 07 de julho de 2025

Os planos de Lula para a política externa em 2024

Depois de dedicar o primeiro ano do novo mandato para “reinserir o Brasil no cenário internacional”, nas suas próprias palavras, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva já definiu prioridades para a política externa em 2024.

No gabinete de Celso Amorim, o assessor especial da Presidência para Assuntos Internacionais, aprofundar a integração sul-americana será uma prioridade no ano que vem, com destaque para a relação com o presidente do Chile, Gabriel Boric.

A proposta de aproximação com o Chile se destaca após ruídos entre Lula e Boric, dois líderes de esquerda que já trocaram farpas. Em julho, por exemplo, o chileno criticou a resistência da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) em condenar a Rússia pela invasão da Ucrânia. Lula respondeu dizendo que Boric era um “jovem apressado”.

Mas, de acordo com um auxiliar do presidente, as rusgas estão superadas e a relação bilateral se encontra em “outro momento”, com vontade política mútua de uma aproximação para valer.

A ideia para 2024 é promover pautas conjuntas, que possam melhorar a integração entre as duas partes. A presidência do Brasil no G-20 também deve tomar espaço na agenda internacional do Palácio do Planalto.

Viagem

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva irá viajar à Etiópia na segunda quinzena de fevereiro de 2024 para participar de um encontro com países africanos, segundo fontes do governo.

O ministro de Relações Exteriores, Mauro Vieira, afirmou no começo do mês, em coletiva de imprensa, na COP28, em Dubai, que o presidente foi convidado para participar do encontro da União Africana.

Fontes próximas ao presidente confirmaram que Lula aceitou o convite e deve participar da Cimeira da União Africana, que será realizada de 17 a 18 de fevereiro de 2024 em Adis Abeba, onde fica a sede da organização.

A União Africana é um grupo que reúne os 54 países e territórios do continente africano, com o objetivo de promover a paz e a cooperação entre as suas nações e, consequentemente, o seu desenvolvimento. A organização foi criada em 2002, sucedendo a Organização da Unidade Africana (OUA), criada em 1963.

Em 2002, antes da posse de Lula, o intercâmbio comercial entre Brasil e África somava US$ 5 bilhões. Esse volume foi crescendo ao longo das duas primeiras gestões de Lula e subiu para US$ 20 bilhões em 2010, no último ano do segundo mandato do presidente. Depois, bateu recorde histórico de US$ 28 bilhões em 2013, já no governo Dilma.

Com a crise de 2015 e 2016, o fluxo comercial caiu para US$ 12 bilhões em 2016 e depois oscilo perto dos US$ 15 bi nos governos Temer e Bolsonaro.

Em 2022, o intercâmbio comercial subiu para US$ 21 bilhões. Mas segundo economistas, o aumento foi mais ligado à inflação, que elevou o preço das mercadorias, do que por uma aproximação das regiões.

Isso fica evidente ao observar a variação no número de embaixadas do Brasil na África, que saltou de 17 em 2002 para 37 em 2013. Depois, o governo Temer inicia um processo de redução do número de embaixadas e até o fim do governo Bolsonaro o número caiu para menos da metade do que 2013, com 15 embaixadas.

Desde quando assumiu a presidência em janeiro, Lula vem reforçando a importância das relações entre o Brasil e a África, buscando se consolidar como um líder do Sul global. Ele defendeu a entrada da Etiópia e do Egito no Brics, o bloco de economias emergentes, que foi ampliado com a entrada de seis novos membros.

Diversas reuniões foram realizadas entre o Brasil e lideranças africanas ao longo de 2023, por isso especialistas afirmam que há grande expectativa de que o comércio com a região se torne mais vigoroso, nos moldes que já aconteceram no passado.

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