Quarta-feira, 18 de junho de 2025

Outra vítima de estupro de pediatra pediu “socorro” depois de tentar pular de carro em movimento

O pediatra Raphael Derossi Ribeiro da Silva, de 44 anos, foi preso por dopar e estuprar a ex-companheira, com quem viveu uma união estável por dois anos. Após a divulgação do caso, a denúncia do Ministério Público dá conta de outras mulheres que acusam o médico de estuprá-las. Uma delas, hoje com 20 anos, conta ter conhecido pediatra em um aplicativo de encontros e ter sido abusada no início de 2021.

A estudante X. tinha 18 anos à época e marcou de encontrar Raphael em uma praça com bares no Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste do Rio, no dia seguinte após ter começado a conversar com ele pelo celular. Na ocasião, se encontraram, beberam algumas cervejas e, em seguida, foram para a casa do médico. Naquela noite, X. conta ter sido estuprada por ele.

“Eu pensava: ‘ele é medico, deve ser uma pessoa boa’”, diz X., que, afirma que foi “um alívio” saber de sua prisão. Na ocasião, após o encontro na praça, foram para o carro do médico e escolheram novo um lugar para ir naquela noite que seria sua primeira e última noite com o médico.

“A gente falava em ir à praia, mas era o meio da pandemia, então ela estava fechada. Eu lembro que (durante a relação) ele se negava a usar preservativo, enquanto eu falava ‘pelo menos usa camisinha’. Ele fez alguma coisa que me deixou muito desconfortável, porque doeu. Aí eu lembro de ter saído correndo, peguei minhas roupas e fugi do apartamento dele”, lembra X., que se perdeu dentro prédio e conta ter sido encontrada no estacionamento pelo médico.

Desesperada, enquanto ele aparentava estar calmo, a estudante conta que avisou ao médico que iria pedir um carro de aplicativo, para ir para casa.

“Falei que estava tendo um ataque de pânico, que pediria um carro, mas ele insistiu em me levar para casa. Aceitei mesmo sem querer aceitar e, dentro do carro, ele me forçou a fazer sexo oral nele. No trajeto, eu tentava abrir a porta, para me jogar do carro em movimento, e ele me tirava. O desespero era tanto, que pedi para ele me levar para um shopping, só que, como era pandemia, estava fechado e, chegando lá, ele abaixou o meu banco e abusou de mim. Tentei empurrar ele e obviamente ele não saía de cima de mim”, lembra X., que, ao fim de tudo, pediu para que ele a levasse para casa, em um trajeto de cerca de 10 minutos.

Nesse percurso, ela conta que tentou pegar o telefone para pedir ajuda, mas que Raphael não deixou:

“Ele ficava falando ‘para quem você está mandando mensagem?’. Também perguntava ‘você quer dinheiro? Você é uma prostituta?’ Ao mesmo tempo em que ficava falando que estava apaixonado por mim.”

X. ficou mais aliviada quando conseguiu disfarçar e se comunicar com o pai.

“Consegui teclar ‘papai, me ajuda’, mas digitei meio enrolado, porque não estava vendo (o telefone). Meu pai percebeu que tinha algo errado, ligou e percebeu que tinha algo estranho, porque eu dizia apenas ‘Estou com um médico’. Meu pai pediu para falar com ele, que respondeu: ‘oi, sou médico, sua filha está bem, é só uma crise de pânico’. O Raphael insistiu em me levar e meu pai falou: ‘então traz ela agora’ e não desligou a ligação”, lembra X., que conta ter descido correndo do carro quando chegou ao prédio onde mora e contado ao pai que tinha sido abusada. O pai de X. se preocupou em tirar Raphael dali.

Na pressa de deixar a casa do médico, a estudante acabou esquecendo as chaves de sua casa com ele e, por isso, seu pai foi buscá-las. Nesses contatos, Raphael teria dito que ele “não conhecia direito” a própria filha.

X., com medo, trocou as chaves de casa Depois do trauma, foi preciso intensificar o acompanhamento psicológico e sente que o médico “acabou com a percepção” que a jovem tinha das pessoas:

“Ainda penso nisso (estupro) todo dia, é muito difícil. Até hoje me questiono porque não paro de pensar. Acho que demorou um ano para eu me sentir confortável para me relacionar com outras pessoas, e hoje em dia tenho um pé atrás com qualquer homem. Ao ver um, fico pensando: ‘parece tão legal’, mas na minha cabeça penso que já deve ter estuprado alguém, penso o mal de todo mundo.”

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