Segunda-feira, 20 de outubro de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 2 de abril de 2022
O Papa Francisco criticou implicitamente o presidente russo, Vladimir Putin, pela invasão da Ucrânia, em um discurso em Malta, onde citou um “poderoso”, que estava provocando conflitos por interesses nacionalistas. O Pontífice ainda afirmou que estava considerando uma viagem à capital ucraniana, Kiev.
“Mais uma vez, um poderoso, tristemente preso em reivindicações anacrônicas de interesses nacionalistas, está provocando e fomentando conflitos”, disse Francisco, em um discurso às autoridades maltesas depois de chegar ao país para uma visita de dois dias.
O Papa já condenou veementemente o que chamou de “agressão injustificada” e denunciou “atrocidades” na guerra, mas só se referiu diretamente à Rússia em orações.
“Do leste da Europa, da terra do nascer do sol, as sombras escuras da guerra agora se espalharam. Pensávamos que invasões de outros países, lutas de rua selvagens e ameaças atômicas eram lembranças sombrias de um passado distante”, afirmou. “No entanto, os ventos gelados da guerra, que trazem apenas morte, destruição e ódio em seu rastro, varreram poderosamente a vida de muitas pessoas e afetaram a todos nós.”
Mais cedo, questionado por um repórter no avião que o levava de Roma a Malta se ele estava considerando um convite feito por autoridades políticas e religiosas ucranianas, o Papa respondeu que não descartava o convite: “Sim, está sobre a mesa”, afirmou, sem dar mais detalhes.
Convite
Francisco foi convidado a ir a Kiev pelo presidente ucraniano Volodymyr Zelenskiy; pelo prefeito de Kiev, Vitaliy Klitschko; pelo arcebispo Sviatoslav Shevchuk, da Igreja Católica de rito bizantino da Ucrânia; e pelo embaixador da Ucrânia no Vaticano, Andriy Yurash. Ele já falou ao telefone com Zelenskiy e Shevchuk.
Francisco ainda pediu “respostas amplas e compartilhadas” à “crescente emergência migratória”, à medida que milhões de ucranianos fogem da guerra. Em cinco semanas de guerra, mais de quatro milhões de ucranianos foram forçados a fugir de seu país, segundo o Acnur, um êxodo que não era registrado na Europa desde a Segunda Guerra Mundial.
“A expansão da emergência migratória, pensemos nos refugiados da martirizada Ucrânia, exige respostas amplas e compartilhadas. Apenas alguns países não podem suportar todo o problema, enquanto outros permanecem indiferentes”, disse.
Canadá
Francisco pediu “desculpas” na sexta-feira (1º) pela tragédia da violência exercida durante décadas em internatos católicos para indígenas no Canadá e expressou o desejo de viajar ao país no fim de julho.
“Peço perdão a Deus e me uno aos meus irmãos bispos canadenses para pedir desculpas”, declarou Francisco em uma audiência no Vaticano. Ele convidou representantes dos povos originários canadenses métis, inuítes e primeira nação para uma audiência na sede da Igreja Católica.
O primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, considerou o pedido de desculpas do Papa Francisco um “passo à frente”, mas afirmou que ainda há um longo caminho a percorrer para corrigir os “erros históricos” da Igreja.
“O pedido de desculpas de hoje é um passo adiante no reconhecimento da verdade sobre nosso passado para corrigir erros históricos, mas ainda há trabalho a ser feito”, declarou Trudeau.
“Esperamos que ele venha ao Canadá para se desculpar pessoalmente”, afirmou o premiê. “A história do Canadá ficará para sempre manchada pela trágica realidade do sistema de internatos”, disse Trudeau em um comunicado, observando que os ex-alunos, suas famílias e comunidades continuam sentindo seu impacto.
“Não podemos separar o legado do sistema de internatos das instituições que o criaram, mantiveram e operaram, incluindo o governo do Canadá e a Igreja Católica”, frisou.
“Como país, nunca devemos esquecer as tragédias impensáveis que ocorreram, e devemos honrar as crianças que desapareceram e nunca voltaram para casa”, completou.