Sábado, 04 de outubro de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 3 de outubro de 2025
A intoxicação por metanol que já fez 12 vítimas no Brasil pode ter sido causada pelo uso da substância na higienização de garrafas de bebidas falsificadas. Até agora, essa é a principal linha de investigação da Polícia Civil de São Paulo.
Segundo a investigação, quadrilhas de falsificação de bebidas estariam usando o metanol para limpar e desinfectar as garrafas reutilizadas, e não somente para adulterar e aumentar o volume.
Garrafas originais de bebidas destiladas, como vodca, gin e uísque, seriam coletadas em bares e restaurantes e vendidas a fábricas clandestinas. De acordo com essa tese, coletores ou fabricantes usariam o metanol durante o processo de limpeza e desinfecção. Mal lavado, o recipiente contaminado receberia o produto falsificado e provocaria a intoxicação.
Policiais chegaram à conclusão ao refazerem o caminho das bebidas ingeridas pelas vítimas. Ao visitar bares onde ocorreram os primeiros casos de intoxicação, investigadores traçaram a logística reversa das garrafas, chegando às distribuidoras que abasteciam esses estabelecimentos e, mais tarde, às fábricas clandestinas.
A hipótese da contaminação no momento da limpeza, apesar de principal, não é a única cogitada pelas autoridades. A Polícia Civil também investiga, paralelamente, se o metanol está sendo usado na adulteração de bebidas originais, para aumentar o volume e os lucros.
Dados reunidos pela Associação Brasileira de Combate à Falsificação (ABCF) mostram que, entre 2020 e 2024, a quantidade de fábricas clandestinas interditadas por autoridades no país saltou de 12 para 80 – na média, é como se um espaço de produção irregular fosse fechado a cada cinco dias.
Prisão
Um homem apontado pela polícia como um dos principais fornecedores de materiais para a produção de destilados adulterados foi preso nessa sexta-feira (3) na Zona Norte de São Paulo. Em dois imóveis ligados a ele, foram encontrados milhares de itens usados nas falsificações.
De acordo com policiais do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), as investigações apontaram que Ilson de Sales do Amor Divino comercializava garrafas, tampas, rótulos, caixas para embalar e até os selos arrecadadores de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) da Receita Federal para aplicar nos vasilhames.
Além disso, policiais acreditam que o material abastecia diversas regiões do Estado de São Paulo, especialmente no interior.
As investigações revelaram que o detido criou uma rede para comprar garrafas de uísque, vodca e gin. Apontou também que ele era responsável pela lavagem dos vasilhames e, na sequência, pela recolocação de rótulos falsificados, tampas, selos de autenticidade e todos os itens para compor embalagens similares às originais.
Os policiais recolheram todo o material e estimam que foram apreendidas 20 mil garrafas. O responsável foi autuado por crimes contra a propriedade industrial e contra às relações de consumo.