Terça-feira, 29 de abril de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 29 de abril de 2025
Um ano após as enchentes que devastaram centenas de municípios gaúchos, muitos lares continuam marcados pelos estragos: paredes rachadas, instalações elétricas danificadas e a constante lembrança de tudo o que foi perdido.
Para que essas famílias pudessem reconstruir suas rotinas com segurança, foram estabelecidas as ações “#JuntospeloRS” e o projeto “Resposta ao Desastre Socioambiental no Rio Grande do Sul” que já promoveram reparos em 72 casas nos últimos doze meses, devolvendo abrigo seguro às famílias.
Além disso, outras 22 moradias estão em obras ou terão as intervenções concluídas até o fim deste ano, garantindo que quase duas centenas de famílias voltem a ter um lar. O projeto nasceu da união entre a Aldeias Infantis SOS, organização que lidera o maior movimento de cuidado do mundo, e a Habitat Brasil, que tem como causa a promoção da moradia como um direito humano fundamental — uma parceria iniciada em 2022, com a reconstrução de casas no Sul da Bahia, e que agora se fortalece com uma nova ação no Rio Grande do Sul.
A ação que começou com a entrega de cerca de 1.400 kits emergenciais, rapidamente avançou para uma segunda etapa: a reparação de moradias danificadas.
“Realizamos um diagnóstico territorial para identificar as áreas mais impactadas e com maior potencial de intervenção. A partir desse mapeamento, iniciamos as reformas emergenciais nas casas”, explica Mohema Rolim, Gerente de Programas da Habitat Brasil.
As obras se concentram nas comunidades Fazendinha e Asa Branca, no bairro Sarandi, zona norte de Porto Alegre – região onde a Aldeias Infantis SOS atua há 58 anos.
A organização tem sido fundamental no processo de identificação de pontos de vulnerabilidade e no acompanhamento técnico das intervenções. “Nosso foco é fortalecer as famílias e garantir que os direitos básicos das crianças e adolescentes sejam preservados. A moradia digna é um desses direitos”, destaca Eneas Palmeira, gestor da Aldeias Infantis SOS no Estado.
Além das 72 casas já reparadas – 30 na comunidade Fazendinha, 42 na Asa Branca, outras 22 estão em obras. A iniciativa inclui fornecimento de materiais e mão de obra para reparos estruturais, como troca de telhados, instalação de portas, janelas e pisos cerâmicos, reconstrução de banheiros, além da recuperação de paredes e estruturas de madeira.
Para os moradores, as melhorias representam mais do que conforto: significam dignidade e segurança. “Foi um presente. Antes, meu banheiro não tinha vaso, chuveiro, nem box. Reformaram as paredes, as janelas e o forro”, relata Iolanda Silva, moradora da Asa Branca. Jacqueline Baptista, da Fazendinha, lembra com alívio dos tempos difíceis: “Nos dias de vento forte, eu precisava segurar as paredes com medo de desabarem. Com a enchente, o telhado foi danificado. Hoje, me sinto segura”.
Eliane Carvalho, que também vive na comunidade Fazendinha, conta que a reforma, que garantiu um banheiro e uma lavanderia maior em sua residência, impactaram a qualidade de vida dela e da família.
“Chegar cansada do trabalho, da igreja, e poder organizar minhas roupas na lavanderia, fazer minha higiene no banheiro é algo que é muito bom pro meu psicológico. Eu acredito que quando o ambiente muda, ele fica bonito, levanta a autoestima da gente”.
A parceria prevê ainda uma base temporária de operações, cedida pelo programa de Porto Alegre da Aldeias Infantis SOS, que está sendo utilizada pela equipe da Habitat Brasil. Além do bairro Sarandi, o projeto da Habitat Brasil também realiza reparações em outras regiões atingidas, como a Vila Narazé (Porto Alegre) e a Vila Costaneira (Eldorado do Sul), em parceria com outras organizações. As obras são executadas em colaboração com negócios sociais locais que acompanham as intervenções.
Já a Aldeias Infantis SOS, que apoiou 18 mil pessoas ao longo do ano, instalou na capital gaúcha a Ação Humanitária #JuntosPeloRS, que vem apoiando cerca de 400 famílias da região por meio de diferentes ações.
“Temos o atendimento de 180 crianças no contraturno escolar, por meio dos Espaços Amigáveis. Além disso, nossas equipes, formadas por assistentes sociais, educadores, psicólogos, assistentes de desenvolvimento familiar e comunitário fazem visitas recorrentes às famílias fornecendo suporte emocional e orientação social sobre como acessar serviços básicos e programas do governo, bem como a distribuição de cartões de benefícios para aquisição de materiais de construção e para atender as necessidades básicas dos participantes”, detalha Eneas.