Quinta-feira, 10 de julho de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 9 de julho de 2025
Parlamentares reagiram com indignação à decisão do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor uma tarifa de 50% sobre todas as exportações brasileiras a partir de 1º de agosto. Para deputados da base do governo e da oposição ao bolsonarismo, a medida tem motivação política e foi influenciada diretamente pela família Bolsonaro.
O líder do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Senado Federal, Jaques Wagner (PT-BA), disse que o Brasil não será quintal de “ninguém”:
“A pedido da família Bolsonaro, Donald Trump anuncia a taxação de 50% em todos os produtos brasileiros, de forma autoritária e unilateral. O presidente norte-americano está confundindo a quem está se dirigindo. O Brasil não será quintal do país de ninguém. Quem decide a nossa vida somos nós. Que fique claro: o Brasil é dos brasileiros e não de capachos!”, escreveu em um post.
O senador Renan Calheiros (MDB-AL) afirmou que o Brasil dispõe de uma lei para “retaliar protecionismos e terrorismos comerciais”.
“O Brasil já dispõe de uma lei para retaliar protecionismos e terrorismos comerciais. A CAE do Senado puxou o tema e deu ao país, em apenas 48 horas, o meio legal para responder proporcionalmente às ameaças externas. Soberania não se negocia”, disse o senador alagoano.
O senador Humberto Costa (PT-PE) afirmou que a medida é um ataque ao país, não a um governo:
“Nossa soberania não é negociável. A decisão deplorável de Trump, de quem Bolsonaro lambe as botas, não é contra um governo, é contra o Brasil. Enquanto o bolsonarismo ri e aplaude de boné MAGA, trabalharemos no diálogo diplomático para reverter as consequências desse ato insano.”
Em outra publicação, o senador ironizou a postura do ex-presidente brasileiro:
“Bolsonaro bate continência para a bandeira dos EUA e, junto com a sua turma, veste o boné de Trump, o cara que prejudica o Brasil com sobretaxas exorbitantes. Isso é o bolsonarismo: jogar e torcer contra o Brasil.”
O deputado Ivan Valente (PSOL-SP) afirmou que a tarifa anunciada por Trump não tem justificativa econômica, mas representa uma interferência nos assuntos internos do Brasil.
“Cadê os capachos do imperador Trump depois da taxação de 50% sobre todos os produtos brasileiros? A explicação não é econômica, é política. É interferência na soberania nacional, no Judiciário brasileiro, e defesa do golpista Bolsonaro que vai para a cadeia. É uma exigência descabida”, escreveu Valente.
Em publicação nas redes sociais, o deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS) também criticou duramente os bolsonaristas. Segundo ele, os que apoiam Trump são “quinta-coluna” e atuam contra o país.
“VIRA-LATAS – É assim que devem ser chamados todos aqueles que se ajoelham diante do ataque à democracia e soberania brasileira realizado por Donald Trump. Eles, que se autodeclaram patriotas, são, na verdade, quinta-coluna e trabalham contra o Brasil”, escreveu o ministro.
Mais cedo, antes do anúncio oficial do tarifaço, jornalistas perguntaram para o presidente Lula o que ele achava da medida. A primeira-dama, Janja da Silva, que estava ao lado, exclamou: “Ai, cadê meus vira-latas?”. Ela justificou que se referia a bolsonaristas que apoiam Trump contra Brasil.
O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (PT-RJ), classificou a situação como “gravíssima” e acusou diretamente Bolsonaro, Eduardo Bolsonaro e Tarcísio de Freitas de estarem por trás da retaliação comercial.
“GRAVÍSSIMO. Trump taxou produtos brasileiros em 50%. Toda a justificativa para retaliar o Brasil é política, numa tese de defesa do Bolsonaro como perseguido político. Os vira-latas bolsonaristas conseguiram. Penso que Bolsonaro, Eduardo Bolsonaro e Tarcísio devem estar muito felizes em prejudicar o Brasil, nossa economia e nossos empregos. Nós defendemos o Brasil e nossa soberania. Eles são uns traidores!”, publicou.
A carta enviada por Trump ao presidente Lula cita diretamente Jair Bolsonaro e classifica como “vergonha internacional” o julgamento do ex-presidente pelo Supremo Tribunal Federal. O republicano também acusa o Brasil — sem apresentar provas — de censurar empresas americanas de redes sociais.
O Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) afirmou que não esperava a medida e que as negociações com os EUA se concentravam na proposta de uma tarifa de 10% sobre países do Brics — sem qualquer sinal de que o Brasil seria alvo de uma sobretaxa geral.