Terça-feira, 02 de dezembro de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 2 de dezembro de 2025
O Partido Liberal (PL) suspendeu as conversas que vinham sendo conduzidas com o PSDB do Ceará sobre uma possível aliança para apoiar Ciro Gomes (PSDB) ao Senado em 2026.
A decisão foi tomada nesta terça-feira (2), após uma reunião de cúpula que buscou pacificar a crise gerada pelas críticas públicas de Michelle Bolsonaro ao movimento — críticas que provocaram reações dos filhos do ex-presidente Jair Bolsonaro. A informação consta em nota divulgada pelo PL Mulher, presidido por Michelle.
Segundo o texto, antes da reunião formal, Michelle e o deputado André Fernandes (PL-CE), responsável pela articulação no Estado, tiveram uma conversa reservada, “oraram juntos” e “esclareceram” o episódio do final de semana — quando Michelle, em um comício, disse que a negociação com Ciro tinha sido “precipitada”.
Mais cedo, após visitar o pai na Superintendência da Polícia Federal em Brasília, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) afirmou ter pedido desculpas à madrasta pelas críticas públicas que fez a ela.
“Falei para ele [Jair Bolsonaro] que já me resolvi com a Michelle, pedi desculpas a ela, ela também. (…) Vamos criar uma rotina de tomar decisões em conjunto”, disse Flávio.
O senador afirmou ainda que não havia decisão fechada sobre o cenário no Ceará e que caberá a Jair Bolsonaro dar a palavra final após ouvir o partido.
“A gente vai tomar decisões mais conscientes, ouvindo mais pessoas. Assim, as chances de errar são menores”, disse.
No sábado, Michelle Bolsonaro criticou em público a articulação do PL com Ciro Gomes, adversário histórico de Jair Bolsonaro. Ela afirmou que a aliança era incompatível com os valores defendidos pela direita e apontou o dedo para André Fernandes durante o discurso.
A fala gerou reação imediata dos filhos do ex-presidente:
– Flávio afirmou que Michelle havia “atropelado” Bolsonaro ao questionar um movimento autorizado por ele;
– Carlos e Jair Renan endossaram a crítica;
– Eduardo disse que Fernandes havia sido “injustamente exposto”.
Nesta terça, Michelle afirmou que tem o direito de discordar da negociação e justificou que sua posição se deve ao histórico de embates de Ciro com Jair Bolsonaro.
A nota divulgada pela assessoria do PL Mulher informa que:
* Michelle e André Fernandes “alinharam os próximos passos”;
* O deputado segue encarregado de buscar “uma alternativa viável” que mantenha os valores conservadores e aumente as chances de vitória da direita no estado;
* As conversas com o PSDB — que envolviam o possível apoio a Ciro Gomes — estão suspensas.
“A estratégia será definida após análise e aprovação da cúpula nacional e da presidência estadual do partido das alternativas que serão apresentadas por André Fernandes”, diz o comunicado.