Sexta-feira, 05 de setembro de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 4 de setembro de 2025
A federação União Progressista, formada por União Brasil e PP, anunciou o desembarque do governo Lula e promete apoiar uma candidatura presidencial de direita contra o petista, mas deve manter indicados em cargos federais, como o comando de pelo menos dois ministérios e de estatais.
Esses partidos não pretendem abrir mão do controle de empresas públicas como a Caixa Econômica Federal, a Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba), a Telebras e diretorias dos Correios. Além disso, políticos das duas siglas têm diversas indicações em cargos regionais que, num primeiro momento, não deverão ser revistas.
As legendas também não entregaram os cargos de representação do governo no Congresso.
Na terça (2), a cúpula da federação anunciou que políticos com mandato que ocupam cargos na Esplanada devem sair do governo até o dia 30 de setembro, sob pena de serem expulsos.
Na manhã de terça, integrantes dos dois partidos diziam que a decisão afetaria todos os filiados. À tarde, no entanto, o anúncio lido pelo presidente do União Brasil, Antonio Rueda, falava apenas nos “detentores de mandatos”, abrindo brechas para a manutenção de indicações políticas.
O desembarque mirou a saída dos ministros Celso Sabino (Turismo) e André Fufuca (Esporte), deputados federais licenciados do União Brasil e do PP, respectivamente. O União Brasil tem outros dois indicados na Esplanada petista: Waldez Góes (Desenvolvimento Regional) e Frederico de Siqueira Filho (Comunicações).
Os dois últimos chegaram ao comando das pastas pelas mãos do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), considerado um dos principais aliados do Planalto no Congresso, e não deverão deixar os cargos. A cúpula da sigla alega que são da cota pessoal do senador, mas outros parlamentares mantêm aliados em secretarias e cargos estaduais.
O PP, além da pasta do Esporte, tem o comando da Caixa Econômica Federal, com Carlos Vieira. Ele foi indicado pelo ex-presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL) e também deverá permanecer no cargo, assim como alguns vice-presidentes apoiados pelo centrão.
Os dois partidos da federação têm ainda indicações em órgãos ligados aos ministérios, além de nomes em cargos federais nos estados, como superintendências, e não pretendem abrir mão desses postos.
Um dos que deverá permanecer é o presidente da Codevasf, Lucas Felipe de Oliveira, apadrinhado por Alcolumbre. A empresa é vinculada ao Ministério do Desenvolvimento Regional e ficou conhecida como “estatal do centrão” durante o governo Bolsonaro (PL), por ser utilizada para irrigar as bases eleitorais dos deputados e senadores com obras e máquinas por meio de emendas parlamentares.
O União Brasil também mantém influência em diretorias dos Correios, Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) e Telebras – todos vinculados à pasta das Comunicações.
Hilton Rogério Maia Cardoso, diretor de Negócios dos Correios, é apontado como apadrinhado de Alcolumbre. Já José Rorício Aguiar de Vasconcelos Júnior, diretor de Administração, teria sido indicado conjuntamente pelo ex-ministro Juscelino Filho (União Brasil-MA) e pelo senador Weverton Rocha (PDT-MA).
Segundo relatos, os quatro diretores do Postal Saúde (Caixa de Assistência e Saúde dos Empregados dos Correios) também são ligados a políticos do União Brasil. A sigla possuiria ainda cargos na Embratur (Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo), ligada ao ministério.
Deputados e senadores desses partidos também emplacaram aliados em cargos e superintendências estaduais de órgãos como a Caixa, a Codevasf, o Correios e o Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), além de postos de confiança em autarquias como o Dnocs (Departamento Nacional de Obras Contra as Secas) e o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária). (Com informações da Folha de S.Paulo)