Quinta-feira, 01 de maio de 2025

Pela 1° vez, mulheres são maioria entre médicos no Brasil

Com maioria feminina pela primeira vez, o Brasil vai terminar 2025 com 635.706 médicos em atividade. A estimativa equivale a 2,98 profissionais para cada mil habitantes.

Os dados são do estudo Demografia Médica no Brasil 2025, divulgado nesta quarta-feira (30) pelo Ministério da Saúde e conduzido pelo Departamento de Medicina Preventiva de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). É a 15ª edição do levantamento.

Destaques do estudo:

* Concentração nas capitais: As capitais seguem com alta densidade médica. As maiores razões por mil habitantes estão nas capitais do Sul (10,26), seguidas por Sudeste (7,33) e Nordeste (6,95).

* Desigualdade nos municípios do interior: Fora das capitais, a presença de médicos ainda é muito desigual.

* Enquanto o Sudeste tem 2,64 médicos por mil habitantes em cidades do interior, o Norte tem apenas 0,75 — com casos extremos como Roraima (0,13) e Amazonas (0,20).

* Crescimento acelerado: O número de médicos no Brasil dobrou em pouco mais de uma década. Em 2010 eram 304 mil; agora, são mais de 635 mil.

* Mudança de perfil: Pela primeira vez, as mulheres representam a maioria entre os médicos brasileiros, com 50,9% dos profissionais em atividade.

* Cotistas nas salas de aula: Um em cada 10 estudantes de medicina participam de programas de reserva de vagas e cotas.

* Projeção para 2035: Se mantido o ritmo atual, o Brasil terá 1,15 milhão de médicos em atividade em 2035 — o dobro do total registrado em 2023. A razão chegará a 5,2 médicos por mil habitantes.

* Comparação com outros países: A taxa de 2,98 médicos por mil habitantes, embora superior à de países como Estados Unidos e Coreia do Sul, ainda está abaixo da média da OCDE (3,70). Entre 47 nações analisadas, o Brasil ocupa a 33ª posição em densidade médica.

A oferta de médicos no Brasil deve seguir uma trajetória ascendente até 2035, alcançando 1.152.230 indivíduos ou 5,25 profissionais por 1 mil habitantes.

“Nos próximos 10 anos, essa projeção (de 1,15 milhão de médicos) é irreversível e conservadora (com a continuidade de abertura de cursos de medicina, o número tende a aumentar), em 2035 seriam 5,2 médicos por mil habitantes”, analisa Mário Scheffer, coordenador do estudo Demografia Médica no Brasil 2025.

Porém, a distribuição dos médicos poderá se manter bastante desigual entre os Estados. Enquanto unidades federativas como Distrito Federal (11,83 médicos/1 mil habitantes) e Rio de Janeiro (8,11 médicos/1 mil habitantes) deverão seguir com índices elevados, outras regiões, especialmente na Amazônia Legal e no Nordeste, tendem a continuar com ofertas consideravelmente inferiores.

O Maranhão possivelmente terá a menor razão do País, com 2,43 médicos por mil habitantes, seguido pelo Pará (2,56) e Amapá (2,76).

O estudo projeta que as regiões Sudeste e Sul continuarão concentrando a maior parte dos médicos, com destaque para São Paulo (7,17 médicos/1 mil habitantes), Minas Gerais (6,62) e Rio Grande do Sul (6,68).

No Centro-Oeste, o Distrito Federal deverá manter uma densidade médica extremamente alta, quase o dobro da média nacional. Já estados como Mato Grosso (4,23) e Mato Grosso do Sul (5,62) tendem a permanecer abaixo da média brasileira, apesar do crescimento na oferta de médicos nesses estados.

Atualmente, a distribuição de médicos fora das capitais evidencia diferença significativa na proporção de profissionais por 1 mil habitantes em comparação às médias estaduais e das capitais. O Estado de São Paulo apresenta a maior concentração no interior, com 2,70 médicos por 1 mil habitantes

“Temos uma distribuição desigual de médicos no País. É urgente pensarmos numa carreira de estado para os médicos”, afirma Heloísa Bonfá, diretora da faculdade de medicina da USP.

Todos os Estados apresentam uma razão maior em suas capitais quando comparada à razão dos médicos atuando no interior. Estima-se que a participação das mulheres na profissão chegará a quase 56% em 2035, no Brasil. Dados da série histórica do censo dos estudantes de medicina já demonstram que a maioria dos alunos é composta por mulheres.

A crescente participação feminina na medicina é um fenômeno mundial. Atualmente, as mulheres representam a metade dos profissionais em atividade nos países da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico, com 38 países membros), assim como no Brasil.

Esse movimento, observado hoje nas faixas etárias mais jovens dos médicos já formados, se refletirá progressivamente em toda a profissão médica.

Em 2009, as mulheres representavam 40,5% da população médica, enquanto os homens ainda eram maioria, com 59,5%. Esse equilíbrio começou a se alterar nos anos seguintes e, em 2024, a proporção feminina alcançou 49,3%, sinalizando a paridade iminente.

A projeção para 2025 pode representar uma inflexão histórica: pela primeira vez, o número de médicas ultrapassará o de médicos, atingindo 50,9%. Esse crescimento se intensificará nos anos seguintes e, até 2035, estima-se que 55,7% dos profissionais no Brasil sejam mulheres. As informações são do portal de notícias g1.

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