Quinta-feira, 03 de julho de 2025

Pela primeira vez, Bolsonaro se colocou fora do páreo na eleição de 2026 no ato organizado por seus aliados em São Paulo no último domingo

“Eleição sem Bolsonaro é negar a democracia.” Em 16 de março, diante de um público de quase 20 mil pessoas na praia de Copacabana, no Rio, Jair Bolsonaro (PL) rechaçou a possibilidade de não disputar o Palácio do Planalto em 2026 – frase que ele repetiria no mês seguinte num ato na Avenida Paulista. A convicção, entretanto, desapareceu do discurso do ex-presidente.

Condenado à inelegibilidade por oito anos pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em 2023, Bolsonaro se colocou fora do páreo na eleição de 2026 pela primeira vez no ato organizado por seus aliados em São Paulo no último domingo (29).

A mudança fica evidente na comparação com outros pronunciamentos do ex-presidente. O Estadão analisou os discursos de Bolsonaro em três diferentes atos públicos: em 16 de março, no Rio; em 6 de abril, em São Paulo; e no domingo último, também na capital paulista. O levantamento mostra que ele reduziu o tempo dedicado ao projeto de anistia e abandonou a cobrança de que tem de ser candidato em 2026.

No mais recente ato, afirmou para 12,4 mil pessoas presentes, de acordo com levantamento de pesquisadores da USP, que “nem ele precisa ser o presidente” da República para mudar o País, bastaria um Congresso majoritariamente eleito com seus aliados.

“Nós temos como resolver o Brasil. Me permitam repetir: me deem 50% da Câmara e 50% do Senado que eu mudo o destino do Brasil. E digo mais: nem eu preciso ser presidente. O Valdemar (Costa Neto, presidente do PL), me mantendo como presidente de honra do Partido Liberal, nós faremos isso por vocês”, declarou Bolsonaro.

Ação penal

A fala vem num momento de avanço no julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a tentativa de golpe de Estado após a eleição de 2022. No mês passado, a Corte encerrou o interrogatório de oito réus, incluindo o ex-presidente, do núcleo 1 da denúncia, classificado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) como “crucial” na trama. Bolsonaro pode ser condenado à prisão até o fim do ano.

Bolsonaro tem destacado em seus últimos discursos a importância de a direita bolsonarista eleger pelo menos metade das cadeiras na Câmara e no Senado. O plano, exposto de modo subjetivo, é enfrentar autoridades que venham a “extrapolar as suas funções”.

O Senado se tornou obsessão, uma vez que se trata da Casa responsável por julgar pedidos de impeachment de ministros do STF. Parlamentares do PL passaram a defender abertamente a construção de uma maioria para contra-atacar o ministro Alexandre de Moraes, que se tornou o desafeto número um do bolsonarismo.

“Vamos investir ano que vem numa bancada grande no Senado. Uma bancada que não vai perseguir ninguém, mas ( que será) forte para alguém que porventura queira extrapolar as suas funções”, declarou Bolsonaro em fevereiro, durante um evento do PL.

Já no domingo, ele colocou o objetivo de forma mais abrangente. “Com essa maioria, nós elegeremos o nosso presidente da Câmara, o nosso presidente do Senado, o nosso presidente do Congresso Nacional, a maioria das comissões de peso no Senado e na Câmara. Lá no Senado, nas sabatinas, nós decidiremos quem prosseguirá nessa missão ou não. Nós indicaremos os integrantes das agências. Nós escolheremos, e não o presidente, o presidente do Banco Central e todo o seu secretariado. Nós seremos os responsáveis pelo destino do Brasil”, discursou. (Com informações do Estado de S. Paulo)

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