Terça-feira, 06 de maio de 2025

Pela primeira vez neste ano as projeções do mercado financeiro apontam para uma inflação dentro da meta em 2023 no Brasil

Depois da surpresa positiva da inflação de setembro, que subiu bem menos do que o esperado, pela primeira vez neste ano as projeções do mercado financeiro apontam para uma inflação dentro da meta em 2023. O Boletim Focus do Banco Central (BC), uma ponderação das previsões de cerca de 140 bancos, gestoras de recursos e consultorias, trouxe nesta semana a expectativa de 4,75% para o IPCA, índice oficial de inflação. É exatamente o teto da meta, fixada em 3,25%, com tolerância de 1,5 ponto porcentual para cima ou para baixo.

É uma perspectiva animadora. Afinal, a última vez que os cálculos do mercado financeiro convergiram para o intervalo da meta foi em meados de 2020, último ano em que o IPCA, com alta de 4,52%, ficou efetivamente dentro do limite imposto pelo Conselho Monetário Nacional. Mas ainda não passa disso: uma tendência que, evidentemente, pode mudar em algum dos dez boletins semanais previstos até o fim de 2023.

O bom senso indica que não é suficiente para aliviar as medidas que têm ajudado a manter a taxa sob controle. O próprio mercado entende dessa forma, já que, no mesmo relatório, as estimativas para a taxa básica de juros permanecem em 11,75%. Ou seja, com queda prevista de 0,5 ponto porcentual da Selic em cada uma das duas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) ainda neste ano, avaliação que coincide com as mensagens expostas pelo BC nos comunicados das reuniões do Copom.

São bons os sinais de transparência e previsibilidade que têm orientado a comunicação entre o Banco Central e o mercado. Seria prudente o Palácio do Planalto captar essas mensagens ao invés de demonizar a política de juros, atribuindo exclusivamente a ela o fraco desempenho econômico do País. Uma inflação sob controle em 2023 – caso se concretizem as previsões – será um ótimo começo para 2024, este sim um ano mais desafiador, movido pelas consequências econômicas da tensão geopolítica externa e, internamente, sem a certeza de que a extraordinária potência do agronegócio se repetirá.

Ainda não é possível cravar que o País acertou a mão no controle inflacionário. Em 2021, o estouro de 10,06% deixou a inflação bem distante do teto tolerado, de 5,25%; em 2022, apesar dos esforços e até manobras para controlar a taxa em ano eleitoral – como a desoneração dos impostos federais sobre os combustíveis –, o IPCA terminou em 5,79%, quando o centro da meta era 3,5% e o teto, 5%.

Nesses dois últimos anos, o Banco Central foi obrigado a cumprir a praxe de escrever uma carta ao Ministério da Fazenda explicando os motivos de não ter conseguido manter a inflação dentro da meta. Desde que o sistema de metas foi implementado, em 1999, por sete vezes teve de cumprir a exigência. Neste ano, ao que tudo indica, o BC ficará livre do constrangimento de ter de justificar o não cumprimento de sua função básica e prioritária, apesar do cenário internacional adverso.

É apenas um começo. Para 2024 e 2025, com o centro da meta em 3%, a política monetária tende a ser mais austera. Mas a tarefa será facilitada caso as reformas estruturais avancem e melhorem a avaliação do Brasil.

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