Sábado, 20 de setembro de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 20 de setembro de 2025
O Departamento de Guerra dos Estados Unidos começou a exigir que os jornalistas credenciados contem com sua aprovação para publicar qualquer informação que lhe diga respeito, classificada ou não, sob o risco de perderem o acesso ao Pentágono.
Essas novas condições, comunicadas na noite de sexta-feira (19) aos jornalistas afetados, representam um novo passo na luta travada por Donald Trump e sua administração contra a imprensa tradicional, a quem acusa de ser-lhe desfavorável.
A informação do Departamento de Guerra “deve ser aprovada para divulgação pública por um funcionário autorizado, antes de sua publicação, mesmo que não seja classificada”, estabelece o novo documento.
Isso inclui informações coletadas por jornalistas por meio de fontes internas anônimas, fora dos canais oficiais de comunicação.
O descumprimento dessa norma é citado explicitamente como justificativa para retirar a credencial.
“Se as notícias sobre nossas forças armadas devem ser aprovadas primeiro pelo governo, o público já não recebe informação independente”, declarou o presidente do Clube Nacional de Imprensa de Washington, Mike Balsamo.
“Só recebe o que os funcionários querem que vejam. Isso deveria alarmar todos os americanos”, acrescentou o chefe dessa associação de jornalistas, antes de instar o Pentágono a revogar esse requisito.
O secretário de Guerra, Pete Hegseth, defendeu na sexta-feira outra disposição desse novo formulário de credenciamento.
“A imprensa já não pode circular pelos corredores de uma instalação segura. Use sua credencial e cumpra as normas, ou vá para casa”, escreveu no X.
Trump, depois de processar o Wall Street Journal e o The New York Times e se regozijar com a suspensão do programa do comediante Jimmy Kimmel de sua emissora por seus comentários políticos, qualificou na sexta-feira como “ilegal” a cobertura midiática que considerou excessivamente negativa sobre ele.
Preocupação
As diretrizes do governo Trump seguem preocupando alguns setores da economia norte-americana. Grupos de produtores agrícolas dos Estados Unidos alertam que os agricultores americanos enfrentam dificuldades generalizadas neste ano, principalmente devido às tensões econômicas com a China.
Desde abril, os dois países travam uma guerra comercial, que causa grave queda das importações chinesas de produtos agrícolas americanos.
O resultado é que os fazendeiros dos Estados Unidos estão sendo prejudicados, segundo os economistas. O número de pedidos de falência por parte dos produtores agrícolas atingiu o nível mais alto dos últimos cinco anos, segundo dados compilados em julho pela agência Bloomberg. Com todas essas dificuldades econômicas, as áreas rurais poderiam muito bem ter se voltado contra Trump. Mas não é o que parece estar acontecendo.
Os americanos que vivem na zona rural do país foram um dos grupos de eleitores mais leais ao presidente nas eleições do ano passado. Trump venceu Kamala Harris neste grupo por mais de 40 pontos percentuais, superando suas próprias margens em 2020 e 2016, segundo análise do centro de pesquisa e debates Pew Research Center.
Em abril, no chamado “dia da libertação”, Trump impôs altas tarifas sobre produtos originários da maior parte dos países, incluindo uma tarifa de importação de 145% sobre produtos chineses.
Em resposta, a China impôs uma tarifa retaliatória de 125% sobre os produtos americanos. Foi um duro golpe para os produtores agrícolas do meio-oeste americano, às vezes chamado de “cinturão do milho”. Muitos deles vendem sua produção para a China.
No ano passado, as empresas chinesas compraram 12,7 bilhões de dólares (cerca de R$ 67,5 bilhões) em soja dos Estados Unidos, principalmente para alimentar seus animais de criação.
A estação da colheita ocorre em setembro e a Associação Americana da Soja (ASA, na sigla em inglês) alertou que os pedidos de soja da China estão muito abaixo do nível esperado para esta época do ano.
As tarifas de importação apresentaram enormes flutuações desde sua criação e esta incerteza está criando dificuldades para os produtores agrícolas, segundo o professor de Economia Agrícola Christopher Wolf, da Universidade Cornell, nos Estados Unidos.